• Uma princesa exilada e sempre com saudades da terra natal

Uma princesa exilada e sempre com saudades da terra natal

15 Nov, 2021 19:09:14 - Colunistas

Içara (SC)

Princesa Isabel Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bourbon-Duas Sicílias e Bragança, também conhecida como Princesa Isabel "a Redentora", foi a segunda filha, a primeira menina, do imperador Pedro II do Brasil e da esposa a imperatriz Teresa Cristina das Duas Sicílias.

Ao nascer, a princesa tinha um irmão mais velho chamado D. Afonso Pedro, que era o herdeiro aparente do trono brasileiro. Seguiram-se outros dois irmãos: D. Leopoldina em 1847 e D. Pedro Afonso em 1848. A morte de Afonso Pedro em 1847, com apenas dois anos e meio fez com que Isabel se tornasse a herdeira de seu pai.  Ela brevemente perdeu o posto com o nascimento de Pedro Afonso. A morte deste em 1850, deixou Isabel definitivamente como a herdeira do imperador e lhe fez receber o título de Princesa Imperial. O início de vida de Isabel foi um período de paz e prosperidade no Brasil. Seus pais lhe deram um crescimento feliz e saudável. Ela e Leopoldina cresceram em um ambiente seguro e estável, diferente daquele que o pai e as tias tinham conhecido.

A morte de ambos os seus filhos homens, em uma idade tão jovem, teve um enorme impacto em D.Pedro II. Além de sua dor pessoal, a perda dos filhos afetou sua conduta como monarca e acabaria por décadas depois afetar o destino do Brasil. A morte dos filhos parecia aos olhos do imperador prever o eventual fim do sistema imperial. Sete anos depois em 1857, quando estava mais do que claro que ele e Teresa Cristina não teriam mais filhos, o imperador escreveu: "Quanto à educação só direi que o caráter de quaisquer das princesas deve ser formado tal como convém a senhoras que talvez poderão ter que dirigir o governo constitucional de um império como o Brasil".

A princesa serviu três vezes como regente do império enquanto seu pai viajava pelo exterior. Isabel promoveu a abolição da escravidão durante sua terceira e última regência e acabou assinando a Lei Áurea em 1888. Apesar da ação ter se mostrado amplamente popular, houve forte oposição contra sua sucessão ao trono. O fato de ser mulher, seu forte catolicismo e o casamento com um estrangeiro foram vistos como impedimentos contra ela, juntamente com a emancipação dos escravos, que gerou descontentamento entre os ricos fazendeiros. A monarquia brasileira foi abolida em 1889, e ela e sua família foram exilados por um golpe militar. Isabel passou seus últimos trinta anos de vida, vivendo calmamente na França, onde faleceu aos 14/11/1921.

Um grande número de oficiais do exército encontrou-se em 9 de novembro de 1889 e planejou um golpe de estado. O marechal Deodoro da Fonseca assumiu o comando de seiscentos homens, no dia 14 e tomou o quartel general do exército, exigindo a substituição do gabinete liderado por Afonso Celso de Assis Figueiredo, Visconde de Ouro Preto. No dia seguinte, 15 de novembro de 1889, Deodoro proclamou a república e depôs D. Pedro II em um golpe de estado republicano. O imperador recusou quaisquer sugestões dadas por políticos e líderes militares leais para subjugar a rebelião, simplesmente comentando que "Se assim é, será minha aposentadoria. Agora vou descansar". Ele só não sabia que não descansaria, pois seria exilado. Pelos dois dias seguintes, a família imperial ficou confinada ao Paço Imperial no Rio de Janeiro, onde receberam a notícia de que tinham sido banidos do Brasil. Na madrugada de 17 de novembro, a família embarcou no navio Alagoas e partiu para Portugal. Algum tempo depois de ser exilada, Isabel publicou uma declaração que dizia: “É com o coração despedaçado pela tristeza que me despeço dos meus amigos, de todos os Brasileiros, e do país que eu amei e amo muito, e da felicidade que eu tenho lutado para contribuir e pela qual eu vou continuar a manter as mais ardentes esperanças”

No dia 14 de novembro de 2021 foi a data de 100 anos de falecimento de Isabel, na França, e no dia 15 de novembro (feriado nacional) comemora-se a Proclamação da República Brasileira, 132 anos do primeiro golpe militar no Brasil.

ELZA DE MELLO
Postado por ELZA DE MELLO


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