Triglicerídeos altos podem indicar risco para a saúde
Brasília (DF)
Os triglicerídeos são uma forma de gordura presente no sangue e desempenham um papel vital na saúde do corpo. No entanto, quando em níveis elevados, podem se tornar uma ameaça, aumentando os riscos para uma série de condições graves, como pancreatite e doenças cardíacas. Outro fator importante é a ausência de sintomas quando os triglicerídeos estão alterados, sendo necessário realizar exames para confirmar o diagnóstico.
"Existem causas genéticas de aumento dos triglicerídeos, porém a genética isolada corresponde à minoria dos casos. Na maioria das vezes, a hipertrigliceridemia (triglicerídeos altos no sangue) está relacionada à combinação dos hábitos de vida com a genética. O abuso de álcool, alimentos ricos em gordura saturada ou açúcares são exemplos de fatores que influenciam no aumento dos triglicerídeos", comenta a endocrinologista e consultora médica do Sabin Diagnóstico e Saúde, Ana Clara d’Acampora.
Estudos conduzidos no Brasil revelaram que a prevalência de dislipidemia, que é caracterizada por elevados níveis de gorduras, como os triglicérides, no sangue, é de 43% a 60% da população. Os dados estão presentes no 'Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Dislipidemia: prevenção de eventos cardiovasculares e pancreatite' do Ministério da Saúde (MS).
A prevenção das dislipidemias e de suas possíveis consequências, como a pancreatite aguda, envolve a adoção de um estilo de vida saudável. Isso inclui uma dieta balanceada, rica em frutas, vegetais e grãos integrais, e pobre em gorduras saturadas e açúcares refinados. Além disso, é importante evitar o consumo excessivo de álcool.
A prática regular de exercícios físicos também é fundamental para manter um peso saudável e evitar a elevação dos triglicerídeos. Além disso, para quem tem histórico familiar de pancreatite ou já teve a condição antes, pode ser necessário tomar medidas adicionais para prevenir futuros ataques, como evitar certos medicamentos e fazer exames regulares.
Sinais e consequências
Embora não apresente sintomas, é possível surgirem sinais relacionados a alguma das consequências dos triglicerídeos altos. De acordo com a endocrinologista, um deles é quando ocorre a combinação de triglicerídeos altos e alterações do colesterol, aumentando o risco de doenças cardiovasculares. A obstrução de vasos sanguíneos, por exemplo, pode causar tontura, dor no peito e, em casos graves, derrame. Já a pancreatite pode ocorrer com dor abdominal intensa, náuseas, vômitos e febre.
Também em relação às doenças cardíacas, o entupimento de vasos sanguíneos em razão do excesso de gorduras pode culminar em infartos e a acidentes vasculares cerebrais (AVC). Segundo levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), de 2008 a 2022, o número de internações por infarto aumentou 150%, no Brasil. As doenças cardíacas são a principal causa de morte no país.
Quando em alta, os triglicerídeos podem ainda bloquear dutos no pâncreas, gerando um quadro de pancreatite aguda. Níveis de triglicerídeos acima de 500 mg/dL, por exemplo, podem precipitar esse tipo de quadro. A doença é um processo inflamatório caracterizado pela autodigestão do pâncreas, causado pelas próprias enzimas presentes no órgão. Se não tratada, pode levar à hemorragia e atingir outros órgãos.
[Por não apresentar sintomas, os triglicerídeos altos precisam ser diagnosticados por meio de exames laboratoriais indicados por profissionais qualificados. Os testes mais comuns são os exames de triglicerídeos (TG) e de perfil lipídico. Este último inclui outras gorduras que podem estar presentes no sangue, como o colesterol HDL (o ‘bom’) e o LDL (considerado ‘ruim’).
"Ambos são exames de sangue com procedimentos bem simples, que fornecem informações que auxiliam o médico no acompanhamento do paciente", pontua Fabiano Castro, biomédico do Sabin Diagnóstico e Saúde.
O exame de triglicerídeos pode exigir jejum de 12 horas em alguns casos, a depender da orientação do médico. No caso do perfil lipídico, o jejum não é mais necessário, pois hoje os laboratórios trabalham com valores de referência que independem da última refeição do paciente.
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