• Professor usa matemática para debater Escola sem Partido

Professor usa matemática para debater Escola sem Partido

13 Nov, 2017 18:51:59 - Geral

Içara (SC)

Depois de ficar em primeiro lugar no festival de talento com o tema “Escola sem mordaça”, na última semana, os alunos do ensino médio do colégio Antônio Guglielmi Sobrinho, da Vila nova em Içara, se apresentam hoje (13) as 19h no auditório Rui Hulse para os acadêmicos da instituição. A educação enquanto ciência por uma escola democrática, foi ideia do professor de matemática Valdir Machado da Silva, trazendo o debate para aula de matemática. Neste caso, as equações matemáticas estariam incluídas neste tema. “Foi debatido o assunto com os alunos e depois adaptado em um teatro “Escola sem mordaça”. Um tema muito discutido em todo o pais, em Santa Catarina já aconteceram várias audiências públicas e em Criciúma o tema está na Câmera de Vereadores, e com algumas resistência de toda a sociedade”, explica Valdir.

O que é a lei escola sem partido

Apesar da expressão “sem partido”, artifício usado para enganar e ludibriar a sociedade brasileira, o Projeto de Lei da “Escola sem Partido” é uma proposta ideológica que tem por objetivo normatizar e criminalizar a prática docente com base num padrão de conduta anunciado na forma de “Deveres do Professor”.

A concepção da proposta se fundamenta no dogma da existência de uma educação neutra e um modelo único de homem e sociedade – homem liberal e sociedade capitalista –, tal como se impõe nos regimes totalitários. Para os partidários da “escola sem partido”, a pluralidade cultural e as divergências de ideias e pensamentos são vistas como ameaça à suposta ordem “natural” da sociedade.

Trata-se de um projeto que instiga ódio, perseguição política, intolerância à diversidade e criminaliza a prática docente no espaço escolar; é um projeto que desqualifica os professores e estimula a denúncia anônima contra profissionais da educação, prática esta que protege o anonimato do delator e expõe a imagem do professor.

Os ideólogos da “escola sem partido” oferecem instruções para alunos e pais identificarem e denunciarem supostos “professores doutrinadores”, ensinando que os educadores são naturalmente manipuladores ou doutrinadores em potencial.

Segundo os ideólogos da “escola sem partido”, o professor que faz associação com a realidade do aluno é um provável professor doutrinador. Afirma-se que o professor não deve discutir valores, deve apenas transmitir conhecimentos úteis para a formação profissional do aluno. Ou seja, transmitir conhecimento para a formação de sujeitos “competentes” para o mercado de trabalho. Essa orientação pedagógica se fundamenta no liberalismo, caracterizando, portanto, uma opção ideológica e não uma suposta neutralidade da educação.

No conjunto de orientações da “escola sem partido”, ensina-se que nenhum pai deve confiar no professor. Todo professor é um potencial deturpador dos valores da família. Essa forma de problematizar a atuação do profissional da educação instiga desconfiança, desrespeito e conflito no ambiente escolar.

“Diga-me com quem andas e te direi quem és”. Os partidários da “escola sem partido” iludem a população ao afirmarem que a proposta do Projeto de Lei é apartidária. Na verdade, desde a sua origem o projeto tem apoio de partidos políticos, de políticos da bancada evangélica, de setores empresariais e de organizações que possuem explicitamente vinculações partidárias, religiosas e ideológicas. O movimento da “escola sem partido”, portanto, é um movimento ideológico de fundamentação partidária desde o princípio.

As manifestações de ódio nas redes sociais comprovam de forma inequívoca a intenção e a interpretação jurídica que fazem do Projeto de Lei da “Escola sem Partido”, cujo objetivo político se expressa de forma explícita contra qualquer concepção pedagógica que supostamente esteja “contaminando” o sistema educacional brasileiro. É isso que seus defensores entendem por movimento “apartidário” e “educação neutra”. Ora, nos últimos 30 anos, período de restauração da democracia brasileira, a escola pública se tornou um espaço de pluralidade teórica e pedagógica, e não um espaço de doutrinamento único, como pretendem os partidários da “escola sem partido”.

O Projeto de Lei da “Escola sem Partido” coíbe o pensamento crítico e estimula um estado de vigilância policialesca permanente contra professores. O inciso primeiro do artigo 5º da Lei que se pretende aprovar diz que os professores não devem explicitar suas “opiniões, concepções ou preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias” em sala de aula; o artigo 6º decreta a obrigatoriedade de as escolas afixarem cartazes nas salas de aulas e nas salas dos professores contendo os seis “Deveres do Professor”; e o artigo 9º exige que o Ministério Público e as secretarias de educação criem um meio de comunicação para receber denúncias anônimas contra os professores que infringirem os “deveres” preconizados pelo Projeto de Lei.

Na forma da Lei, os partidários da “escola sem partido” pretendem vigiar e punir os educadores que não cumprirem os deveres dos professores. Mas quem formulou esses deveres? Certamente, não foram educadores nem as entidades educacionais, foram pessoas com vinculações partidárias e convicções ideológicas que se julgam portadoras de uma suposta educação neutra.

Os preceitos doutrinários da “escola sem partido” se assemelham à realidade de outros contextos históricos, quando se instituiu e se estimulou formas de violência, de intolerância e morte contra filósofos, educadores, cientistas, lideranças religiosas e militantes políticos que ousaram contrariar e questionar as injustiças e os dogmas das elites dominantes.

TEXTO/ MARISTELA BENEDET
FOTO/ DIVULGAÇÃO

REDAÇÃO JINEWS
Postado por REDAÇÃO JINEWS

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