• Personagens içarenses - parte 7 - é o artigo da historiadora Elza de Mello Fernandes

Personagens içarenses - parte 7 - é o artigo da historiadora Elza de Mello Fernandes

28 Dez, 2023 10:28:39 - Artigo

Içara (SC)

Gustavo era o nome de nascimento, mas todos lhe conheciam como Mô Nego. Era uma forma carinhosa com que tratava as pessoas- Mô Nego era um modo respeitoso. Mas assim ele ficou conhecido.

Monego veio criança de Olho D’Água, quando os pais perderam os recursos econômicos, devido a queda do comércio da farinha de mandioca. Produtores e vendedor da farinha, que estocavam no armazém da propriedade, viram o produto, até então adquirido pelo governo, ficar a mofar nas sacas empilhadas no paiol. Aí veio a falência e a perda dos bens. Procurando ajuda, vieram morar em Lagoa do Faxinal, na proteção do sogro.

Morando às margens da lagoa e próximos a casa da família da esposa, os Fortulinos, como eram denominados, terminaram por criar os filhos e cada um tomou o rumo, após o casamento.

Gustavo encontrou trabalho carregando, em carro de bois, as mudanças de veranistas que vinham para as casas de veraneio, no Arroio do Rincão. Era

necessário morar próximo ao arroio para ter água potável. Depois passou a ajudar nas esteiras para conter a areia que avançava para cima do caminho e dificultava a caminhada dos bois. Assim seguiu trabalhando com Antônio Pereira, que passou a ser o sogro.

Por volta da década de 60, o Governo Municipal de Criciúma (SC) decidiu solar com argila, a estrada de Pedreiras ao Balneário Rincão, e também colocar uma ponte sobre a saída do arroio da lagoa do Zé Réus. Os automóveis precisavam desse acesso. Mas com a ponte, veio as muitas reclamações dos colonos, que deixavam o gado solto em Rincão.

O arroio e as lagoas que margeavam toda a extensão da praia, seguravam o gado solto. Cada um reconhecia o gado e era uma prática habitual o gado pastar nos domínios da marinha, uma grande extensão de terras devolutas.

Quando as esteiras de junco foram substituídas por esteiras de madeira, os automóveis já estavam em uso pelos veranistas. Monego carregava as pranchas de madeira para que os carros passassem sobre elas e não ficassem atolados na areia. Se acontecia de um veículo deslizar de sobre a prancha era muito trabalhoso desatolar, e precisava de braços fortes para trazer o carro de volta para a segurança da madeira. Às vezes ficavam até tarde da noite trabalhando. Os carros chegavam e precisavam do homem da esteira acompanhando-os até chegar ao destino.

Dessa maneira, para ter a presença de Monego, contrataram-no como funcionário da Prefeitura de Criciúma. E para solucionar as queixas dos colonos, construíram uma cancela e um mata-burros. E assim Monego seguiu a função de guarda das esteiras da Praia do Rincão, para abrir e fechar a cancela na passagem dos carros dos veranistas que iam e vinham diariamente de Criciúma (SC) para a Praia do Rincão.

Atencioso e prestativo, Monego estava sempre pronto a ajudar os muitos clientes na passagem pela cancela. Havia uma simpatia muito grande de veranistas que sabia reconhecer o trabalho de Monego. Mesmo depois que Içara (SC) se tornou município, Criciúma (SC) não dispensou os trabalhos de Monego e ele ficou até a aposentadoria.

O tempo passou e Monego vivendo em Pedreiras, vez por outra conversava com os clientes da passagem pela cancela. Qual não foi o espanto ao saber que havia um grupo de antigos veranistas querendo erguer uma estátua em homenagem ao homem da cancela. Ao que Monego muito tímido retrucou; - Carece não Mô Nego! Seu Gustavo é um homem muito feliz por ser o primeiro funcionário aposentado como guarda do Balneário Rincão.

Balneário Rincão já tomava formas de uma cidade balneária, entre outras em Santa Catarina.

FOTO/BALNEÁRIO RINCÃO FATOS E FOTOS/FACEBOOK

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