• Médico diz que respirador recebido por SC não é próprio para tratamento de Covid-19

Médico diz que respirador recebido por SC não é próprio para tratamento de Covid-19

18 Jun, 2020 19:45:03 - Política

Florianópolis (SC)

A 9ª reunião ordinária da comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investiga supostas irregularidades no contrato estabelecido pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) e a empresa Veigamed para a compra de respiradores mecânicos contou com uma nova rodada de oitivas na manhã desta quinta-feira (18).

De acordo com o presidente da comissão, deputado Sargento Lima (PSL), a etapa teve por objetivo a consulta de profissionais e gestores não envolvidos com o caso, mas que pudessem oferecer os conhecimentos técnicos demandados pelos deputados.

Neste sentido, o médico pneumologista Márcio Martins, indicado pela Associação Catarinense de Pneumologia e Tisiologia (ACAPTi), foi questionado sobre a utilização de respiradores mecânicos para o atendimento de casos graves de Covid-19.

Uma das primeiras questões levadas ao especialista, pelo deputado Kennedy Nunes (PSD), foi se aparelhos como o Shangrilá 510S podem ser utilizados neste tipo de tratamento. Na ocasião foi observado que o contrato firmado pelo governo catarinense com a Veigamed previa a entrega de 200 equipamentos do modelo VG70, de uso fixo nas UTIs, sendo recebido 50 unidades do tipo portátil Shangrilá 510S.

Em resposta, Martins declarou que aparelhos como o Shangrilá 510S não servem para uso contínuo em uma UTI, sendo voltados apenas para ventilar o paciente em ambulâncias ou em situações de transporte dentro da própria unidade hospitalar, como para  a realização de um exame de imagem.

"Esses ventiladores de transporte não são ideais para ventilar os pacientes com Covid-19 que tenham desenvolvido síndrome de angústia respiratória aguda, que é um grau de insuficiência respiratória grave e que vão necessitar de ventiladores mais robustos, que possam ventilar e dar condições para que seus pulmões se recuperem."

Já o deputado Valdir Cobalchini (MDB) citou estudo médico que indicaria que o uso do aparelho Shangrilá 510S poderia até mesmo colocar em risco a vida de tais pacientes.

Sobre esta questão, Martins esclareceu que cada respirador mecânico possui a sua especificação de uso e que os pacientes acometidos por Covid-19 em seu grau mais severo precisam de um aparelho que lhes proporcione a oxigenação na medida necessária. "Dependendo do ventilador de transporte, existe sim um risco e pode aumentar as chances de morte do paciente."

De acordo com Martins, a avaliação sobre o modelo mais adequado a ser utilizado em cada caso deve caber a um engenheiro biomédico ou profissional especializado em terapia intensiva.

Neste ponto, o deputado Sargento Lima afirmou que no processo realizado pelo governo para a escolha dos aparelhos, a certificação do aparelho selecionado coube ao setor de engenharia da SES, cujo encarregado é o engenheiro eletricista Wagner Tadeu Martins Queiroz, já ouvido pela CPI.

Kennedy Nunes observou que diante da substituição do modelo VG70 pelo Shangrilá 501S, o próprio engenheiro solicitou a criação de uma comissão de médicos para avaliação complementar do aparelho, pedido que não teria sido atendido pelo governo.

Sargento Lima também quis saber do entrevistado se o manuseio dos aparelhos requer treinamento prévio por parte dos profissionais de saúde envolvidos. Ele justificou o questionamento afirmando que no contrato firmado pelo governo com a Veigamed não viu qualquer previsão neste sentido.

Ante o questionamento, Márcio Martins foi taxativo. "É importantíssimo que se tenha treinamento e isso tinha que constar na hora em que os aparelhos fossem adquiridos. Fazer com que a empresa que está vendendo o ventilador possa proporcionar, através de uma enfermeira ou médico, esta assistência, este treinamento do corpo médico de onde vai ser colocado esse ventilador."

ASSESSORIA DE IMPRENSA

REDAÇÃO JINEWS
Postado por REDAÇÃO JINEWS

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