Comissão de fiscalização recomenda fechamento da central funerária
Criciúma (SC)
O prefeito em exercício de Criciúma, Ricardo Fabris (MDB), completou nove dias no cargo, após a prisão do prefeito Clésio Salvaro (PSD), durante a segunda fase da Operação Caronte, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) e pelo Grupo Especial Anticorrupção (Geac), no último dia 3 de setembro.
O atual chefe do Poder Executivo criciumense garantiu na manhã desta quinta-feira, dia 12, que está apurando a situação da central funerária, alvo das investigações que prendeu Salvaro, o ex-secretário de Assistência Social de Criciúma, Bruno Ferreira, e mais 15 pessoas.
Segundo Fabris, após assumir a Prefeitura de Criciúma, diversas pessoas sugeriram que ele cancelasse os contratos com as quatro funerárias da central. “Não tem como fazer isso nesse momento. O que nós fizemos? Eu perguntei sobre a central funerária, quem é que estava respondendo? Imaginei que fosse a secretária de Assistência Social Dalva Pires Donadel, até porque o ex-secretário está preso, mas não era ela. O prefeito Clésio Salvaro criou a comissão especial de averiguação, que eu não sabia que tinha essa comissão, fui saber no corredor da prefeitura que um dos integrantes me falou”, explicou em entrevista ao jornalista João Paulo Messer, da Rádio Eldorado.
O prefeito afirmou que esteve reunido com a comissão de fiscalização, formada por advogados de carreira da Procuradoria-Geral do município e por funcionários de carreira da Secretaria da Fazenda. “A comissão é de alto nível, é presidida pela procuradora-geral adjunta, Liliane Pedroso Vieira. Eles foram a central funerária, fizeram uma fiscalização e viram que os serviços não estão de acordo como deveriam estar para o cidadão e começaram a colocar uma série de situações que estão juntando documentos, inclusive com relação a notas fiscais e com relação a um formulário que se preenche lá”, frisa.
Fabris garantiu que a comissão aconselhou que a central funerária fosse fechada. “Eles inclusive sugeriram para que a gente retornasse ao modelo antigo, acabasse com a central funerária, era o posicionamento da comissão, e eu não quero dizer que sejam irregularidades, porque eu pedi mais uma semana. Na próxima terça-feira, eles vão trazer mais um parecer. O que a gente decidiu como o melhor caminho neste momento com relação à central funerária é intensificar, é fortalecer, é endurecer na fiscalização as quatro funerárias e isso vai ser feito”, afirma.
Para Fabris, o setor tem ganância e isso atrapalha os serviços. “O que eu vejo no serviço das funerárias que estão ali e as que perderam o processo e não entraram à licitação, é muita ganância, é muita ganância no momento mais delicado onde o teu emocional está lá na sola do pé, eu tive três casos na minha casa de morte eu sei como é esse momento. E eu vejo assim, é de muita ganância e a ganância é no momento mais difícil de um cidadão, nós vamos endurecer a fiscalização”, observa.
Novos passos
A Prefeitura de Criciúma deve contratar fiscais para verificar os serviços funerários. “Eu sei que tem quatro assistentes sociais da Secretaria que trabalham lá. Vamos criar mais um adicional para elas. Elas vão ser as fiscais. Se elas não aceitarem, nós vamos substituí-las para outras quatro. Eu vou reforçar o salário delas. Vou ver um meio legal de fazer esse reforço e elas serão as fiscais. Elas atendem o cidadão, o processo, no final do roteiro de atendimento. Elas vão passar para o início. Elas vão ser treinadas, orientadas e vai ter um regramento que a comissão está fazendo de algumas medidas que nós vamos adotar com relação à central funerária. Se não funcionar, aí vem a segunda etapa que nós vamos discutir o papel da central funerária”, destaca.
Fabris garantiu que processos realizados dentro da central funerária precisam mudar. “Agora, nota fiscal que não é tirada vai ser tirada, documento que não é preenchido de forma correta vai ter que ser preenchido, a indução de um cidadão escolher aquele pacote do funeral, não vai assim, vamos seguir o contrato. Então nesse primeiro momento nós queremos ajeitar. Por quê? Porque se nós fecharmos a central funerária, se nós cancelarmos o contrato agora, quem é que vai administrar? Vai voltar para prefeitura. A prefeitura não é funerária. Nós não estamos preparados para isso. É um momento que é um serviço essencial, 24 horas e nós não vamos arriscar ir pela emoção. É com muita responsabilidade. Neste momento, a decisão da comissão, a minha decisão e a decisão do secretário-geral é que a gente endureça na fiscalização e doe a quem doer”, afirma.
Fabris foi procurado por empresário do setor
O prefeito afirmou que foi procurado por um empresário do setor funerário. “O que me deixa chateado, que quando eu falo da ganância desse setor, é que tem funerária aqui em Criciúma já me procurando para conversar e pedindo o rompimento do contrato. Não está nenhum minuto pensando na cidade. É um só, é sempre o mesmo. Não está nenhum minuto pensando na cidade, não está em nenhum minuto pensando nas pessoas. Ele quer o quinhão dele. Isso eu acho de uma falta de sensibilidade. Não tem compromisso nenhum com Criciúma e nem com o cidadão, ele quer o dinheiro. Não vai ser assim, que entre na justiça, judicialize e ganhe na justiça, porque senão não vai ter, nem vou atender”, pontua.
FONTE/ENGEPLUS