Coluna de Elza de Mello - 14 de março/2017
IÇARA NOSSA TERRA NOSSA GENTE (206)
O mês de março entrou com nossos
devidos aplausos. A inércia das férias acabou e as portas das escolas foram
abertas aos alunos e professores. As moradas de pessoas que estavam em férias,
na orla litorânea, ganharam vida com o retorno de familiares. E tudo vai se
encaixando para a vida que se renova a cada ano. Um fato costumeiro que poderia
passar despercebido, mas que toca a sensibilidade dos mais observadores. Até
porque, segundo o padre Fábio de Mello, na
vida temos apenas a rotina, a poesia é que dá o requinte, o novo para os vários
momentos rotineiros.
Mas entre o reinicio programado
pela rotina que temos, há também as intervenções que a vida nos lança e, muitas
vezes carregadas de dor. São as surpresas que recebemos ao ser comunicados da
morte de alguém, muito próximo de nós por parentesco ou por amizade. E essas
surpresas nos pega em momentos, às vezes, tão impensados, indesejados e, no
sobressalto, chegamos a nos questionar sobre o porquê da fatalidade. Não
queremos concordar com a perda de alguém, especialmente se esse alguém é um
jovem. Parece que a morte é aceitável, ainda que doloroso para quem já viveu um
bom tempo de vida. Alguém que demonstre nas rugas da face, nos cabelos
grisalhos e no olhar cansado os seus anos de vida. Mas falar de morte a um
jovem, é inconcebível em nosso conceito humano. E esquecemos que Salmos 39:5, nos diz –‘ Eis que fizeste os meus dias como a palmos; o tempo da minha vida é
como um nada diante de ti’.Mas a dor nos abate e esquecemos de nos lembrar
que ‘as pessoas faz os seus planos, mas
quem dirigi a nossa vida é Deus, o Senhor’ (Provérbios 16:9).
E assim foi com a notícia do
falecimento de Bruno. Inaceitável, inconcebível, impossível admitir que alguém
tão jovem tivesse de partir para a dimensão eterna. Como acordar no dia
seguinte e ver que não fora apenas um sonho...um sonho funesto? Como se
conformar com o silêncio de sua fala, de sua risada mais alegre, de sua musica
preferida? Onde rever a sua presença desejável, seu lugar ao ministério de
louvor na Igreja que freqüentava? Tantas interrogações. E assim o dia passou e
a noite arrastou-se em um funeral carregado de dor. Mas pela manhã, o sol
escondeu-se em uma nuvem e pranteou o rapaz de alma de menino, que já havia seguido
ao Chamado Divino: - ‘...na morada de
meu Pai eu te preparei também um lugar’. E as pessoas imersas em dor, não
sentiam a força do chamado de Deus, do Senhor da vida. A vida que nós mães
recebemos em nosso ventre para trazer ao mundo, educar, amar e fazê-lo cumprir
a sua e a nossa missão. E há tanto amor envolvido nessa missão humana, que nos
esquecemos que nossos filhos são dádivas Divinas. Não são nossas posses.
Como não entendemos o momento
crucial, nos agarramos às recordações do que foi falado, foi ouvido, foi
vivido. Queremos eternizar os momentos compartilhados, festejados, comunicados.
Tudo fica impresso nos sentidos, nas cores, nos gestos, nos sabores. A nossa
volta se forma um mar revolto de sentimentos e assim, formamos o cerne da
memória. E esse cerne memorável nos dará, futuramente o gosto da fruta que
saboreamos juntos, o odor do perfume
usado, a audição de uma musica preferida. E por ultimo, aceitamos a dor na
evocação das saudades. São as saudades a guardiã de todos os sentimentos
acumulados e guardados cuidadosamente em nós.
Ele Viveu por amor, e pelo amor ao Pai iniciou a sua viagem à dimensão etérea. Foi lindo o seu viver!!
ELZA DE MELLO