Sistema de filtragem da Epagri vira modelo mundial
Florianópolis (SC)
Na primeira metade dos anos 2000, boa parte dos moradores de
Imaruí, no Sul do Estado, consumia água de má qualidade. A quantidade
disponível também era preocupação. Eram 1,9 mil famílias, de 23 comunidades,
que usavam água sem nenhum tipo de tratamento, captada de córregos que estavam
sujeitos a contaminação por dejetos e outros tipos de matéria orgânica.
Preocupa com isso, a Epagri desenvolveu o sistema de
filtragem lenta que levou o nome da cidade e gerou efeitos positivos na saúde,
economia e meio ambiente da região. Agora a tecnologia foi incluída na
Plataforma de Boas Práticas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação (FAO), um espaço de disseminação e compartilhamento de boas
iniciativas replicáveis desenvolvidas na região Sul do Brasil. Essa é a sexta
tecnologia da Epagri incluída na plataforma.
O modelo, concebido pela Epagri, é totalmente original, sem
iniciativas similares identificadas na região. A filtragem é realizada em
três etapas, sendo um pré-filtro e dois filtros. O sistema é feito de tubos de
concreto, totalmente impermeabilizados. Os filtros são compostos de seixo,
brita e areia. Existe ainda um dispositivo de limpeza na parte inferior, uma
vez que a filtragem é realizada em fluxo ascendente.
A prática iniciou em 2005 e hoje é adotada em vários
municípios catarinenses, especialmente os que compõem a Associação dos
Municípios Região de Laguna (Amurel). Sua replicação é amplamente viável, pois,
por ser um sistema de concepção e operação simples, exige pouco investimento
para implantação e manutenção.
A instalação dos filtros lentos foi precedida pela formação
de “grupos de água”, com regulamentos próprios, constituídos durante as
reuniões de planejamento. Os beneficiários foram treinados para captação dos
recursos necessários para a construção dos equipamentos e também para
implantação das redes de distribuição da água filtrada. Os sistemas necessitam
de manutenção periódica, que é determinada pela análise da potabilidade da água
captada. Recomenda-se que a cada 15 dias, e após períodos chuvosos, seja feita
uma limpeza geral do pré-filtro e filtros.
Na região de Tubarão, onde o sistema foi divulgado e
instalado inicialmente, a melhoria na qualidade e quantidade de água observada
através de laudos técnicos possibilitou a diminuição no número de pessoas nos
postos de saúde. O aumento dos cuidados com o meio ambiente, a organização
comunitária e, consequentemente, a melhoria da qualidade de vida no meio rural,
foram outros efeitos diretos verificados após a aplicação da tecnologia.
A construção dos filtros lentos modelo Imaruí permite a conservação ambiental dos locais de captação da água. Possibilita ainda maior integração comunitária por meio da formação dos grupos de água, além de melhoria da qualidade de vida das famílias. Outro efeito é a valorização imobiliária, por meio da garantia de abastecimento de água para consumo e utilização doméstica. O sistema público de saúde também é impactado com a redução de casos de intoxicação alimentar por consumo da água. Tudo isso graças a uma solução simples, porém criativa, que agora se torna exemplo para o mundo.
TEXTO/ ASSESSORIA DE IMPRENSA
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