Sistema da Epagri vira modelo de agricultura sustentável em plataforma da FAO/ONU
Florianópolis (SC)
O Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH),
desenvolvido e difundido pela Epagri para promover uma agricultura mais limpa e
sustentável, já pode ser reproduzido com facilidade no Brasil e no mundo. Isso
porque a experiência passou a integrar a Plataforma de Boas Práticas da
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), um espaço
de disseminação e compartilhamento de boas iniciativas replicáveis
desenvolvidas na região Sul do Brasil.
O SPDH é a oitava tecnologia da Epagri incluída na
plataforma da FAO/ONU. O sistema se baseia na redução nos custos sociais,
econômicos e ambientais das lavouras e no estímulo ao protagonismo dos
agricultores. Tem como objetivo central a transição da agricultura
convencional para a agricultura agroecológica respeitando três elementos
básicos: o revolvimento localizado do solo, a diversificação de espécies pela
rotação de culturas e a cobertura permanente do solo.
As primeiras experiências em SPDH foram realizadas em 1998,
na Estação Experimental da Epagri em Caçador. Atualmente, o sistema é utilizado
em mais de três mil hectares espalhados por todas as regiões do território
catarinense. São mais de 1,2 mil agricultores que utilizam o plantio direto
para produzir principalmente tomate, cebola, chuchu, brássicas (couve, repolho
e brócolis), melancia e moranga.
A rápida disseminação e aceitação da tecnologia deve-se
sobretudo aos bons resultados alcançados. O SPDH proporciona melhoria na
qualidade e na uniformidade das plantas, com diminuição média de 35% nas perdas
por questões de padrão de qualidade e produção. Reduz ou até pode zerar o uso
de insumos e, consequentemente, o custo das hortas.
Outra grande vantagem do SPDH é a sua sustentabilidade. O
uso da palhada protege e enriquece a terra cultivada. As taxas de infiltração
de água no solo cultivado em SPDH chegam a ser três vezes maiores que no
sistema convencional, eliminando problemas com erosão e melhorando a
disponibilidade de água para as plantas, o que leva, entre outros resultados, à
redução média de 80% no uso de água para irrigação.
Quem também ganha com o SPDH são os consumidores. Os
alimentos produzidos no sistema são mais limpos, pois podem ser cultivados com
pouco ou até nenhum agrotóxico. Assim, também chegam ao consumidor com maior
valor biológico, impactando positivamente na segurança alimentar das
comunidades catarinenses.
“É uma proposta de transição para toda a agricultura
familiar dependente de insumos externos à propriedade, para sistemas mais
limpos, equilibrados e autônomos”, descreve Marcelo Zanella, extensionista da
Epagri em Florianópolis e o responsável por submeter a tecnologia à avaliação
da FAO. Ele explica que o SPDH tem a preocupação de construir um caminho de
transição do modelo de agricultura convencional para uma que produza alimentos
limpos de agroquímicos, dentro do enfoque pedagógico de inclusão social.
Depois da boa experiência com hortaliças, a Epagri veio expandido o uso do Sistema de Plantio Direto no Estado. Suas bases técnicas, fundamentos e perspectivas têm produzido e adaptado conhecimentos para a fruticultura e a produção de grãos, além do manejo com animais de forma integrada e sistêmica nas propriedades, proporcionando também a produção limpa de carne, leite e derivados.
TEXTO/ ASSESSORIA DE IMPRENSA