Professor: torne-se líder ou a tecnologia o fará irrelevante

Florianópolis (SC)

Já estamos no 17º ano do século 21, e isso indica que muitas coisas mudaram radicalmente. Os jovens millennials, nativos digitais e das gerações X, Y e Z já estão sendo contratados para os primeiros trabalhos, estágios e montando startups que vão contratar você em breve. Essa velocidade é resultado da revolução tecnológica em vários âmbitos da vida, dos negócios ao entretenimento e relacionamentos.

Nós sabemos que a regra mudou. Agora não é mais o peixe maior que come o menor, é o mais rápido que come o mais lento, segundo Jason Jennings, autor e pesquisador de negócios americano, na obra cujo título é essa frase. Recentemente percebemos que a velocidade é estratégia de crescimento dos negócios baseados na computação em nuvem (cloud computing, em inglês). Que um exemplo? Veja a gigante americana do varejo Amazon: a velocidade dos negócios deles é tão impressionante que o montante total de faturamento é maior que os seus concorrentes juntos, ultrapassando os números somados da IBM, Microsoft e do Google — ainda que sejam mais antigas.

Com a educação não é diferente. O surgimento dos Cursos Massivos Abertos Online (MOOCS, em inglês) é um fenômeno que já se consolidou. Eles são portais criados pelas melhores universidades do mundo todo, que permitem a qualquer estudante que possua conexão com internet matricular-se em um curso online, das mais diversas áreas. Esse movimento chegou forte e muito rapidamente no Brasil, e chegou a despertar a curiosidade sobre a qualidade deles. Descobriu-se, portanto, que os MOOCS funcionam muito bem para montar comunidades de aprendizagem, que ajudam a aumentar as médias escolares. Já que os estudantes podem aprender ali com os autores dos livros-base, o ambiente tradicional de ensino perdeu o sentido. Com conteúdos em vídeo de palestras, aulas inteiras ministradas em sala de aula e legendas em diversas línguas, os MOOCS ameaçam a relevância do estar em sala para ouvir o professor falar. Como os nativos digitais desejam aprender fazendo, já que todo o conteúdo teórico está na internet, a sala não é mais de aula, mas de prática.

A partir desses cursos, um outro movimento começa a surgir: as comunidades de aprendizagem informais. Elas nascem como vídeos no YouTube e grupos em redes sociais que se encontram nas universidades. Os nativos digitais estão publicando e compartilhando conteúdos que aprenderam e como superaram suas dificuldades, usando a técnica antiga de compartilhar anotações do caderno daquele aluno que sempre tirava 10, lembra? Com um celular nas mãos, os melhores professores online e uma grande rede de colegas de classe espalhados pelo mundo todo, os próprios estudantes estão cada vez menos interessados em ficar em sala de aula ouvindo um professor repetir o que está no livro.

É aqui que o professor precisa decidir acelerar o uso de tecnologias para tornar-se relevante no contexto do Século 21. Temos vários exemplos, mas o mais conhecido é do professor Salman Khan que, acelerado por uma fundação, criou portais de ensino para vários países — a Khan Academy. Simon Sinek, em uma das suas falas mais conhecidas no TED Talks, avisa: “Os sentimentos de confiança e cooperação são a marca dos líderes do século 21. E quando nos sentimos seguros quanto a nós mesmos, o resultado do grupo ao nosso redor é confiança e cooperação”.

Será que nossos professores estão seguros quanto ao seu novo papel frente a tecnologia? O que pensar quanto a relevância de uma aula (ou palestra?) para 40 estudantes durante 45 minutos? E o que dizer do celular em sala de aula? Ainda faz sentido não estar mais online, colaborando ao vivo com vários estudantes pelo mundo? Lembre-se, são os estudantes que formarão um novo cenário sustentável nesse veloz mundo de tecnologia. Portanto, professores: ou vocês lideram esse processo com tutoria, orientação e mediação digital, ou se tornarão irrelevantes em pouco tempo.

Vilson Martins Filho
Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento e Coordenador Executivo de Educação da Teltec Solutions

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Postado por REDAÇÃO JINEWS

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