Pensando fora da caixa

09 Ago, 2017 10:03:27 - Artigo

Estadista britânico, Winston Churchill observou, certa vez: "Os homens ocasionalmente tropeçam na verdade, mas a maioria se equilibra e vai embora como se nada tivesse acontecido". A esses tropeços, que ganham mais atenção de uns que de outros, o político e escritor Sir Horace Walpole deu o nome de serendipidade. 

Seria fácil – e também injusto – classificar os cientistas e inventores que exploraram a serendipidade como sortudos. Até porque todos conseguiram tirar algum proveito de suas observações casuais depois de acumular conhecimento suficiente para colocá-las num determinado contexto. Como disse Louis Pasteur, um dos que se beneficiou da serendipidade, "o acaso favorece a mente preparada". 

A história é farta de exemplos e nos mostra que não basta apenas querer ser tocado pela serendipidade. É necessário estar pronto e abraçar a oportunidade quando esta se apresenta. Em 1948, George de Mestral saiu para caminhar em um campo da Suíça e viu algumas sementes espinhosas grudadas em suas calças. Em vez de sacudir ou escovar as partículas incômodas, reparou que seus ganchos finos tinham ficado presos nas dobras do tecido. Ali surgiu a inspiração para inventar o velcro.

Alexander Fleming descobriu a penicilina depois que a partícula de um fungo caiu sobre um cilindro do laboratório e matou uma cultura de bactérias. É bem provável que muitos pesquisadores já tivessem tido trabalhos inteiros contaminados pelo dito fungo, mas todos devem ter jogado a cultura no lixo, sem ver ali a oportunidade para descobrir um antibiótico que salvaria milhões de vida.

Um exemplo de serendipidade médica mais recente é o Viagra, desenvolvido inicialmente para o tratamento de problemas cardíacos. Os pesquisadores só suspeitaram de que o medicamento poderia ter outro efeito quando os pacientes que participaram dos testes se recusaram a devolver as pílulas não usadas, ainda que a droga parecesse não ter efeito algum sobre seus problemas de coração.

Para ver o que muitas vezes está debaixo do nosso nariz, é preciso quebrar paradigmas, pensar fora da caixa, lançar outro olhar. Estudar alternativas e manter a mente aberta para construir pontes onde a maioria enxerga espaços vazios. A serendipidade nada mais é que a sorte dos bem preparados.

Antonio Gavazzoni
Advogado e doutor em Direito Público

REDAÇÃO JINEWS
Postado por REDAÇÃO JINEWS

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