• Página no Facebook “arruma” letras de músicas machistas

    Com um mês de criação, página “Arrumando Letras” já conta com mais de 200 mil curtidas

Página no Facebook “arruma” letras de músicas machistas

25 Abr, 2017 11:02:39 - Geral

Criciúma (SC)

O trecho “Mas se ela vacilar, vou dar um castigo nela”, virou “Vacilou né, fazer o que? Dependendo do tamanho do vacilo, a gente termina numa boa”. Essa foi uma das correções que a paranaense Camila Queiroz fez em sua página no Facebook, a “Arrumando Letras”.

Camila, formada em direito, conta que a ideia surgiu em uma conversa entre amigas, “A página surgiu de uma discussão aqui em casa, de como o machismo estava presente na sociedade e nem sempre percebemos isso. Na oportunidade, falei sobre as músicas que a gente vive cantando e não presta muita atenção no conteúdo”, comenta.

Após isso, a advogada resolveu corrigir algumas músicas e postou em um grupo privado na rede social, onde rendeu mais de dois mil likes. “A galera desse grupo manifestou a vontade de compartilhar essas letras no perfil deles. Então, fiz a página”, lembra.

Com um mês de criação, a página possui mais de 200 mil curtidas e Camila já corrigiu mais de 20 músicas. O estilo que predomina na página é o sertanejo, “Começou com sertanejo universitário, não porque o estilo se sobressai aos outros no quesito ‘letras machistas’, mas porque eu tive muito contato com esse gênero durante a adolescência, pois cresci em cidade pequena”, confirma. Camila nasceu em Capitão Leônidas Marques, no Paraná, mas atualmente reside em Curitiba.

Artistas como Zeca Pagodinho, Guilherme e Santiago, Drake, Roberto Carlos e até os Beatles já tiveram letras corrigidas por Camila. “Minha intenção não é atacar quem interpreta as músicas e nem quem ouve. É apontar o preconceito escondido naquela letra”, conta a advogada.

Machismo na cultura

Vitória Souza, estudante e integrante do Coletivo Feminista Antonieta de Barros, de Criciúma, diz que o machismo ainda está presente em muitas músicas, “As músicas são parte da cultura e sendo assim, estão incrustadas no machismo. Ao passo que elas são construídas, contribuem na construção do machismo, perpetuando-o e naturalizando. Ou seja, as letras machistas legitimam ações dos machistas que nos cerceiam”, reforça a participante.

Camila conta que muitas pessoas ouvem as músicas e não se dão conta do conteúdo, “As pessoas leem as correções e comentam: ‘Eu amo essa música nunca tinha reparado na letra!’ e pronto, continuam ouvindo a música mas reparando que aquela atitude narrada é problemática”, relata. “Eu não estou aqui para censurar ninguém e sim para fazer pensar. A decisão de continuar ouvindo é da pessoa. Acredito que é por abraçar e não excluir as pessoas que a página dá certo”, finaliza Camila.

TEXTO/ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
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REDAÇÃO JINEWS
Postado por REDAÇÃO JINEWS

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