• Padre Silvestre Koepp celebra 50 anos de vida sacerdotal

Padre Silvestre Koepp celebra 50 anos de vida sacerdotal

29 Jun, 2017 22:52:35 - Variedades

Criciúma (SC)

“Uma das coisas das quais sempre me lembro é de que, em casa, desde quando eu era pequeno, se rezava pelas vocações. Todas as noites, após o jantar, fazíamos diversas orações e tinha sempre um Pai-Nosso, uma Ave-Maria pelos seminaristas, para as vocações sacerdotais”, recorda o Padre Silvestre Koepp, que no próximo domingo, 02 de julho, celebra 50 anos de vida sacerdotal. Hoje com 76 anos de idade, padre Silvestre auxilia a Paróquia São José, onde duas vezes por semana dedica seu tempo a atendimentos e confissões dos fiéis e celebra missas. Residindo na Casa São João Maria Vianney, dedicada a padres idosos ou enfermos, ainda celebra missas no Asilo São Vicente de Paulo e, por vezes, na Paróquia Santa Bárbara. Apesar dos percalços enfrentados nos últimos anos, por causa de sua saúde debilitada, padre Silvestre afirma que este é um tempo para agradecer a Deus por tudo o que providenciou em sua vida. “O envelhecer é algo marcante, forte na vida da gente, mas temos que estar preparados para isso também.

Agradeço e louvo a Deus que me deu essa graça, pois há muito tempo fui para o seminário, ainda menino, e por tudo o que se passou em minha vida: o seminário, a ordenação e todos os trabalhos. Alegro-me muito por ter vivido esse tempo todo, passando por tantas comunidades, tantos lugares diferentes e ainda hoje as pessoas nos encontram e recordam que batizamos seus filhos, assistimos seu casamento. Isso dá muita alegria também”, ressalta. Neste sábado, 01, às 10 horas, padre Silvestre celebra missa em ação de graças por seu jubileu de ouro sacerdotal em sua terra natal, na igreja matriz São Marcos, em Rio Fortuna, junto de irmãos, amigos e demais familiares. No domingo, 02, também às 10 horas, outra missa será celebrada, desta vez na Catedral São José, em Criciúma, com a presença de sua família e do povo desta Diocese.

Onde tudo começou

Padre Silvestre nasceu na comunidade de São João, na época município de Imaruí, hoje pertencente a São Martinho. Filho de Joana Exterkoetter e Guilherme Koepp, é o quarto filho de uma família de nove irmãos. “Papai era professor e trabalhava em diversos lugares, foi transferido de uma escola para outra, até que mais tarde foi dar aulas em Rio Fortuna. Papai e mamãe trabalhavam na roça também, pois não dava para viver somente do magistério, era mal remunerado naquele tempo. Depois papai veio a falecer, quando éramos bastante jovens, sendo que eu ainda estava no seminário”, relata.

Além de pai, o senhor Guilherme foi também professor de padre Silvestre e dos outros filhos. Foi nesta época que padre Silvestre foi convidado a entrar no seminário. “Havia seminaristas maiores lá. Eles andavam de batina no tempo em que eu estava na escola. No fim do ano eles sempre visitavam nossa escolinha, no interior, onde papai dava aulas, só ele, para cinco séries. Os seminaristas se apresentavam, contavam sobre o seminário, inclusive vinham seminaristas do Rio Grande do Sul junto, pois tínhamos vizinhos que lá estavam estudando. De toda a escolinha, fomos muitos para o seminário, mas padres mesmo, ficamos eu e Padre Anselmo Buss”, relembra.

Padre Silvestre ingressou no seminário em São Ludgero no ano de 1954, aos 12 anos de idade. Junto dele, entraram também dois de seus irmãos, que depois desistiram. “Em 10 de agosto de 1956, o seminário queimou todinho e perdemos tudo o que tínhamos de roupas. Depois foi reconstruído e continuamos lá o restante do ano, morando num porão da paróquia, concluindo os estudos”. Em 1957, o sacerdote ingressou no seminário de Tubarão, quando este ainda estava em fase de construção. Em 1960, recebeu a batina e, em 1961, junto de mais seis colegas seminaristas, entre eles os padres Agenor Pedroso, Evaristo Debiasi e Hilário Puziski, foi para Curitiba (PR), para o Seminário Rainha dos Apóstolos, estudar Filosofia e Teologia. Ordenou-se em 02 de julho de 1967, sob a imposição das mãos de Dom Anselmo Pietrulla. “Foi um dia muito emocionante. A celebração foi campal, em Rio Fortuna, no pátio em frente ao colégio construído pela paróquia. Havia um muro que foi todo enfeitado com palmeiras. Muita gente esteve presente, a antiga igreja era pequena, mais tarde foi demolida”.

No domingo após a ordenação presbiteral, Padre Silvestre foi coroado por sua mãe, Joana. O rito era comum na primeira missa presidida pelos padres. “A primeira missa era solene, cantada e eu ensaiei tudo em latim. Mas pudemos fazê-la em português, então tive que traduzir bem ligeiro. Naquele tempo, em 1967, foi permitida essa parte da Liturgia em vernáculo”, conta.

O serviço

Depois da ordenação, Padre Silvestre atuou na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro Tarumã, em Curitiba, até concluir o curso de Teologia, no fim daquele ano. De volta à Diocese de Tubarão, iniciou os trabalhos na Catedral Nossa Senhora da Piedade, onde ficou por mais de dois anos. Em 1969, foi nomeado pároco em Magalhães, Laguna. “Foi um tempo muito bonito: Uma paróquia nova, de pescadores, junto à praia, com um grupo de jovens que se chamava ‘JUM’: Juventude Unida do Magalhães. Havia muitas lideranças bonitas, fizeram cursos de criatividade, movimentos muito bons naquela paróquia”, relata.

De Laguna, Padre Silvestre foi transferido para Imaruí. “Logo na chegada, pegamos a enchente de 74, que inundou Tubarão toda e lá também fez muito estrago. Aquela lagoa cresceu e parecia um mar grosso, com ondas por cima das casas, derrubando tudo. Foi muito violento". Em 1978, Dom Anselmo chamou-o para ser vigário geral da Diocese de Tubarão. Mesmo um pouco temeroso com a nova missão, Padre Silvestre aceitou e pediu orientação do bispo nos trabalhos da cúria. O sacerdote relata que, na época, houve uma certa queda nos movimentos, antes tão entusiasmados com suas atividades, um pouco devido à desistência de alguns padres sobre seus ministérios e a partida de algumas religiosas, de volta às casas de suas congregações. Conforme Padre Silvestre, foi um grande desafio conduzir a cúria diocesana, mas encontrou apoio junto ao bispo Dom Anselmo, que sempre manifestou confiança na missão do vigário, acompanhando-o em muitas reuniões e atividades regionais. Foram seis anos de serviço até 1984, quando assumiu Padre Valdemar Carminati e Padre Silvestre se tornou missionário do projeto “Igrejas Irmãs”.

Missionário na Bahia

“Em 1985, eu fui para a cidade de Xique-Xique, na Bahia. Tenho muita saudade de lá, uma terra muito querida, um povo muito acolhedor, às margens do Rio São Francisco. Água tinha em abundância: O Rio São Francisco nunca seca. Era bem acima da barragem. O projeto começou em 1975, com as primeiras turmas. Padre Gregorio Michels também foi. Naquele tempo foram jovens seminaristas, depois desistiram praticamente todos, mas foi um trabalho muito bonito. Fiquei quatro anos, era para ser três, mas fiquei mais um”, conta o padre.

Em Xique-Xique, na Paróquia Nosso Senhor do Bom Fim, Diocese de Barra, Padre Silvestre sobrevivia das contribuições oferecidas pela comunidade para as intenções de missa. Já os dois jovens seminaristas que o acompanhavam eram mantidos pelo Regional. “O projeto era do Regional Sul 4 com algumas dioceses da Bahia e perdurou 10 anos, depois foi renovado para mais cinco. A gente tinha umas 60 comunidades para atender, mas na maioria, ia-se uma vez por ano fazer a ‘desobriga’: batizados, casamentos, se fazia tudo na hora, era muito interessante. Mas era um pessoal muito sensível às coisas de Deus, à religião. Eles cantavam o ofício de Nossa Senhora inteiro, quase de cor. Ninguém tinha livrinhos, mas sabiam um monte de rezas, nem sei como conseguiam transmitir tudo um para o outro”, relembra.

De volta a Santa Catarina

Depois das missões, o padre voltou a trabalhar em Imbituba. “Dom Osório Bebber disse: ‘Padre Silvestre, não é bom o senhor ficar muito tempo. Depois vai custar a se readaptar aqui. Então, para o seu bem, deixe que outros possam fazer’. Vim embora no tempo da eleição do Collor e cheguei em Imbituba para trabalhar com o Padre Samiro. Mas fiquei só dois anos. Foi um tempo sofrido, porque eu estava muito doente, com dores de cabeça por causa da fumaça lançada por uma carboquímica, que caía certinho em cima de nossa casa”. Depois de Imbituba, Padre Silvestre trabalhou na paróquia de Grão-Pará, onde afirma ter se encontrado muito com suas origens. “Lá havia imigrantes alemães, italianos, poloneses... Gente de convicção, de compromisso, era bem diferente”. O presbítero conta que teve que adaptar os horários das celebrações, já que muitas famílias lidavam com a lavoura, a grande maioria com o cultivo do fumo, portanto as atividades religiosas eram intensificadas fora desse tempo.

Em 1994, Padre Silvestre quase realizou um grande desejo: o de atuar em sua paróquia de origem, em Rio Fortuna. Mas foi transferido para a Paróquia Nossa Senhora de Fátima, do bairro Cidade Mineira, em Criciúma. “Foi um lugar em que me encontrei muito bem mesmo com o pessoal. Acostumado sempre com muitas comunidades, Imbituba havia um monte; Imaruí, mais de 30; Grão-Pará tinha umas 15 e ali, então, só sete. Dava para organizar bem o trabalho. Foi muito bom: Começamos a fazer algumas programações naquele tempo, planos de pastoral... Trabalhei 10 anos, até que veio uma cirurgia do coração e eu não pude mais assumir todo aquele trabalho. A cirurgia foi em dezembro de 2001”.

Depois disso, o sacerdote serviu a Paróquia Santo Alexandre, em Treviso. “Foi uma paróquia mais tranquila, foram só quatro anos, mas bem intensos”. Após a missão em Treviso, Padre Silvestre descobriu um aneurisma na aorta e correu o risco de ter que sofrer uma nova cirurgia, mas um novo diagnóstico apontou a possibilidade de um tratamento apenas com medicamentos. A rotina de Padre Silvestre hoje não lhe permite fazer grandes esforços, sendo que deve evitar preocupações que lhe causem maior estresse.

Mesmo com a saúde que inspira cuidados, o padre afirma que em sua caminhada de 50 anos de sacerdócio, Deus tem confiado diversas alegrias em seu ministério, permitindo a ele continuar a ajudar as pessoas e servir a comunidade. “Meu lema presbiteral é: ‘O sacerdote é escolhido dentre os homens e constituído em favor dos homens para oferecer sacrifícios, perdoar pecados e pregar a palavra de Deus’. É o resumo da Carta aos Hebreus (5,1), onde São Paulo fala do sacerdote. Fiquei padre com esta missão: ser alguém do povo que, com a graça de Deus, é colocado a favor do povo para oferecer sacrifícios, orações, tudo isso... Um pouquinho desse desprendimento. Sou fruto do Concílio Vaticano II. No tempo em que eu estava no seminário, aconteceram as renovações e a gente tinha uma visão de Igreja toda ministerial, Igreja povo de Deus, onde o sacerdote é um ministro a mais, não para ser autoridade ou um poder, mas para estar a serviço do povo. A este ministério me senti chamado também para ser isso”, declara.

Colegas padres falam do jubilando

Na Casa São João Maria Vianney, padre Silvestre reside com mais dois irmãos no sacerdócio: os padres Ângelo Galato e Gregório Michels. Além da convivência, os três tem um grande laço de amizade. “Há muito tempo eu conheço padre Silvestre, inclusive já fui professor dele de Grego. A convivência com ele é muito boa, pois ele nunca está incomodado, a serenidade é a maior qualidade dele. É muito tranqüilo”, afirma padre Gregório. Padre Ângelo também destaca virtudes no colega jubilando. “Quando a gente escuta falar do padre Silvestre, sempre há coisas bonitas a se dizer sobre ele. Ele se preocupa muito em fazer amizades, é muito serviçal, ajuda muito as pessoas. É muito amigo, camarada. Ele interrompe muito certos esquemas que faz para o dia para ajudar as pessoas. Isso a gente vê muitas vezes. As pessoas sempre dizem coisas bonitas da pessoa dele”.

Em visita à Casa, o amigo que é capelão do Hospital São José, padre Samiro Meürer, também descreve e enaltece características da pessoa de padre Silvestre. “Padre Silvestre é um padre muito zeloso. Ele, com seus 50 anos de vida presbiteral, tem ainda toda a preocupação com a Igreja com as comunidades, com o atendimento. Ele nunca deixa de acolher o povo que vem ao seu encontro. Eu o acompanho, um pouco, em sua caminhada, e vejo que às vezes está com suas enfermidades, mas a preocupação está sempre na pastoral. Quando esteve doente, dizia: ‘Quando eu ficar bom, quero voltar a atividade novamente’. Isso dá um pouco de vitalidade, de saúde e disposição para ele continuar a viver, porque o sentido dele está nesse serviço de estar junto com a comunidade, com o povo. Ele sempre foi companheiro, amigo, sempre soube zelar por tudo, não só pela pastoral, mas também pelos colegas sacerdotes. Ele sempre tem essa preocupação de estar presente, de estar junto; apesar da idade que já tem, não deixa de participar dos eventos da nossa Diocese, algo que é muito marcante e um testemunho muito bonito para os novos sacerdotes e todos aqueles que estão cultivando a sua caminhada vocacional”, destaca padre Samiro.

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