Juristocracia

08 Out, 2018 09:52:35 - Artigo

Por mais que possamos discordar do modo iluminista de organização do Estado, baseado na noção de divisão em três poderes, cada um exercendo uma parte do poder soberano, devemos afirmar que, no mínimo, esse modelo de organização das instituições é razoavelmente ordeiro e permite compreender com clareza o funcionamento do Estado, evidenciando também possíveis violações das prerrogativas de cada poder.

A deslegitimação da política partidária, contudo, que por sua vez é inevitável nas democracias liberais e deriva da subordinação da função política à função econômica e da degradação da política em mero falatório burguês, tem permitido a ascensão dos manipuladores daquela parcela do Estado que está mais distante dessa política partidária: o Judiciário.

Ao que tudo indica ciente de sua superioridade intelectual e moral, o Judiciário brasileiro demonstra ser controlado por um pequeno agrupamento de famílias que se perpetuam geração após geração, nas cadeiras de desembargadores, juízes, procuradores e defensores. Trata-se, de certa maneira, de uma oligarquia. Com suas estreitas relações, essas famílias conseguem construir “atalhos” para que as suas gerações mais novas possam galgar os mais elevados cargos jurídicos brasileiros.

O descrédito cada vez maior do Executivo e do Legislativo levou o Judiciário aos mais descabíveis delírios de grandeza. Qualquer jurista sabe que, desde o curso universitário de Direito, o estudante é treinado para perceber o Judiciário como “puro”, “esclarecido”, “educado” e com a função de “guiar” o povo brasileiro. Essa é a propaganda difundida em universidades pelos militantes do “ativismo judiciário”.

E para onde os “sábios iluminados” do Judiciário, que conquistaram seus doutorados na Sorbonne, em Coimbra ou Harvard, querem guiar o povo brasileiro? Ao que tudo indica, para níveis cada vez mais intensos de liberalismo.

O Judiciário é um dos baluartes das elites liberais globalistas. Eles querem transformar o Brasil em uma Suécia. Em um “paraíso” do moralismo burguês progressista. A sua ascensão significa mais um passo na decadência da democracia liberal brasileira com sua substituição por uma juristocracia liberal, em que juízes se sentem livres para legislar abertamente, e principalmente CONTRA os interesses e crenças do povo.

O povo brasileiro tem pensamentos diferenciadossobre temas como aborto, casamento gay, liberação do porte de armas, privatizações, intervenção estatal na economia. Sem se importar com o Legislativo eleitoe legítimo representante da sociedade juristocracia tem dado aval a TUDO que vá de encontro as suas próprias convicções, desrespeitando o equilíbrio entre os poderes.

O povo está cansado desta juristocracia. Inclusive na forma como se locupletam com os recursos públicos, basta ter presente o aumento de 16,38% que o STF concede a si mesmo e, efeito cascata, para todo o judiciário, impactando o orçamento público em meio a 13 milhões de desempregados e aos péssimos serviços públicos disponibilizados pelo estado à sociedade. O povo anseia por uma verdadeira política. Uma política que não tenha medo de designar esses e outros membros da elite como inimigos públicos.

Rafael Garcia dos Santos é Sociólogo
Professor-Tutor Interno do Centro Universitário Leonardoda Vinci
– UNIASSELVI

REDAÇÃO JINEWS
Postado por REDAÇÃO JINEWS

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