Incêndio no Hospital Federal de Bonsucesso vitimou um paciente grave de Covid-19:

Rio de Janeiro (RJ)

Incêndios em hospitais não são casos isolados e são mais frequentes do que se imagina. É o que comprova o levantamento informal feito pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (ABDEH). Segundo a entidade, desde o início do ano até agora, 31 sinistros foram registrados em todo o País - média de mais três por mês. O último deles ocorreu na manhã desta terça (27), no Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio de Janeiro, quando cerca de 200 pessoas foram retiradas do local. Uma pessoa morreu, paciente grave de Covid-19 que não resistiu ao transporte.

Apesar de muitos dos incêndios não repercutirem nos meios de comunicação, a ABDEH ressalta que por causa da frequência que estes casos acontecem, há a necessidade de se investir na segurança dos edifícios ainda na concepção do projeto, além de fazer a manutenção preventiva corretamente. Um evento como este pode tomar grandes proporções, trazer sequelas e até e causar a morte de pacientes, familiares e colaboradores dos hospitais.

Para Elisabeth Hirth, presidente a ABDEH, é prerrogativa da entidade, uma associação multidisciplinar, promover e divulgar o conhecimento em busca da contínua evolução dos espaços de saúde. “Consideramos que a concepção de ambientes seguros com sistemas de proteção adequada deve ser prioridade para reduzir ou impedir os incêndios. Entre nossos associados temos os maiores especialistas em arquitetura, engenharia e outras áreas do conhecimento com atuação no planejamento, projeto, construção e gestão das edificações hospitalares e isso é importante para compreender e estabelecer recomendações técnicas relevantes para essas edificações para assistência à saúde no Brasil. O componente segurança é um dos pilares desta função para que possamos ter hospitais efetivamente seguros”, ressalta a presidente.

Marcos Kahn, engenheiro eletricista com pós-graduação em segurança do trabalho, especialista em engenharia de segurança contra incêndio, consultor e projetista de hospitais e membro da equipe de Relações Institucionais da ABDEH, considera a diferença entre os edifícios hospitalares e os edifícios residenciais e comerciais, por exemplo, e considera que a construção de ambientes de saúde deve ser pautada em leis e normas e não apenas na beleza do projeto. “No hospital há pessoas ligadas a aparelhos, com mobilidade reduzida ou ainda sob efeito de substâncias que diminuem sua capacidade de percepção, orientação e deslocamento. A funcionalidade do ambiente de saúde tem de ser pensada inclusive levando em consideração a criação de áreas de emergência para casos como este”, avalia o engenheiro.

Número de casos se aproxima dos de 2019

O número de incêndios ocorridos em 2020 se aproxima dos registrados em 2019, quando 32 casos de incêndios em hospitais ocorreram no Brasil - um média de quase três por mês. Este número é considerado alto. O último incêndio de grandes proporções em hospitais registrado no País ocorreu em 12 de setembro de 2019, no Hospital Badim, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Um curto-circuito no gerador, que ficava no subsolso foi a primeira causa do fogo, segundo a perícia. Vinte e dois dos 103 pacientes que estavam internados no dia do incêndio perderam a vida - dois deles meses depois do incidente.

Normas e Manual de Segurança Contra Incêndios da Anvisa

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disponibiliza desde 2014 um manual de Segurança contra Incêndio em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, que fornece orientações sobre prevenção e combate a incêndios em serviços de saúde. Ao mesmo tempo, o documento uniformiza as informações destinadas aos diversos usuários destes ambientes - projetistas, trabalhadores da saúde, pacientes, acompanhantes e autoridades sanitárias. Há, ainda publicações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) relacionadas ao assunto: a NBR 16.651, que trata dos requisitos de proteção contra incêndios em Estabelecimentos Essenciais de Saúde (EASs), e a NBR 7.256, que fala das exigências em relação ao sistema de ar-condicionado nas instalações hospitalares. “Em situações como esta, é sempre oportuno reiterarmos a importância dessas leis, normas e manuais. Nunca é demais prezar pela segurança dos hospitais”, considera Marcos Kahn.

ABDEH focada na segurança dos ambientes de saúde

Fundada em 1994, a Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (ABDEH) é formada por profissionais e empresas com foco no planejamento, na programação, na construção e na gestão de espaços de saúde no Brasil e  tem como missão potencializar a troca de conhecimento técnico-científico e operacional para o desenvolvimento de espaços de saúde no Brasil. A entidade, inclusive, participou ativamente da edição da primeira norma ABNT NBR 16.651, em 2019, e hoje trabalha ativamente na revisão das duas normas (NBR 16.651 e NBR 7.256) entre outras.

Os últimos incêndios desde 27 de agosto

27/08 - Hospital Estadual de Santana (AP)

29/08 - Hospital Santa Luzia (DF)

1º/09 - Hospital São Vicente (CE)

07/09 - Hospital Municipal de Cuiabá (MS)

11/09 - Hospital Alta Floresta (MS)

15/09 - Hospital Professor Alcides Ferreira Lima (PE)

17/09 - Hospital Tide Setubal (SP)

1º/10 - Lourenço Jorge (já pegou fogo 3 vezes nos últimos anos) - Barra da tijuca (RJ)

17/10 - Santa Lucia do Norte (DF) 

23/10 - Instituto de Moléstias Cardiovasculares de São José do Rio Preto (SP)

27/10 - Hospital Federal de Bonsucesso (RJ)

FOTO: BANCO DE IMAGENS/DIVULGAÇÃO
CAROLINA SPRICIGO COMUNICAÇÃO

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Postado por REDAÇÃO JINEWS

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