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Há 17 anos PROERD faz com que as crianças digam não às drogas

23 Nov, 2016 18:06:09 - Segurança

Araranguá (SC)

Um dos principais programas preventivos da Polícia Militar de Santa Catarina está completando 17 anos na cidade de Araranguá. Trata-se do PROERD - Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência – iniciado na cidade das avenidas no ano de 1999.

É Baseado no projeto D.A.R.E. – Drug Abuse Resistance Education (Educação para resistir ao abuso de drogas), com origem na cidade de Los Angeles, Califórnia – EUA. O projeto californiano, desde 1983, foi desenvolvido por um grupo composto por psicólogos, policiais e pedagogos, sendo aplicado, então, pelo Departamento de Polícia de Los Angeles – LAPD –em parceria com o Distrito Unificado Escolar daquela cidade, obtendo grande sucesso e aceitação, o que fez com que rapidamente se estendesse para todos os estados norte-americanos. Hoje é administrado pela Organização não governamental D.A.R.E. Internacional, com sede no referido local sendo desenvolvido em mais de 50 países.

No Brasil, o D.A.R.E. chegou em 1992, através da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, tendo então recebido o nome em português de PROERD – Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência, após terem sido feitas as adaptações metodológicas em conformidade com a realidade cultural brasileira.

No Estado de Santa Catarina, o PROERD foi implantado em 1998 na cidade de Lages e, logo após, nas cidades de Chapecó e São Miguel d’Oeste. No primeiro ano, 4.404 crianças catarinenses foram formadas pelo programa.
Um ano depois, o programa foi iniciado em Araranguá. Na época, o subtenente Nelson da Silva Viana hoje na reserva remunerada (aposentado), deslocou-se à cidade de Balneário Camboriú, onde participou de um curso ministrado por policiais militares de São Paulo, formando-se instrutor.

As primeiras unidades de ensino araranguaenses contempladas com o programa foram as escolas Professor Clóvis Goulart e Castro Alves, onde foram formados 203 alunos.

No ano seguinte, devido à grande procura por parte das unidades escolares houve a necessidade de formar mais um policial militar para ampliar os estabelecimentos de ensino contemplados.

Atualmente o 19º Batalhão de Policia Militar de Araranguá conta com três instrutores PROERD, que são os sargentos Moisés de Bem Alano e João Batista dos Passos de Oliveira e o soldado Elienar Farias, que trabalham integralmente no programa. A coordenação fica a cargo do capitão Alberto Cardoso Cichella.

Anualmente, em Araranguá, o programa PROERD forma mais de 1.200 crianças. Em toda a região da AMESC forma aproximadamente 3.100 crianças por ano.

Missão, objetivo e conteúdo

O PROERD foi idealizado para prevenir contra o uso e tráfico de drogas, e todas as formas de violência (física ou psicológica). Concentra-se em crianças e adolescentes em fase escolar, e busca despertar-lhes a consciência para o problema das drogas e da violência, assim como preparar os pais para que possam oferecer sustentação aos seus filhos. Tem como missão inicial educar crianças, no seu habitat, reunindo os esforços da família, polícia e escola, fortalecendo a auto-estima da criança e apresentando a ela um modelo positivo de vida.

É um programa essencialmente preventivo. Precede as ações de repressão ao uso e tráfico de drogas, e à contenção de todas as formas de violência em todos os seus aspectos (físicos/psicológicos) e, como tal, tem como finalidade evitar que crianças e adolescentes em fase escolar iniciem o uso das diversas drogas existentes em nosso meio, despertando-lhes a consciência para este problema e também para a questão da violência, assim como preparar os pais no intuito de oferecer sustentação aos seus filhos acerca do problema em tela.

O programa, através de suas lições, ensina aos alunos, de forma simples, descontraída e lúdica utilizando-se de diversos cenários pedagógicos, técnicas voltadas para a resistência às pressões impostas por outras pessoas e auxilia para que reflitam sobre a necessidade de dizerem “não” às drogas e à violência. Possui os seguintes currículos:
Educação Infantil e Séries Iniciais: Os estudantes da pré-escola, 1º ano, 2º ano, 3º ano e 4º ano do ensino fundamental, participam do PROERD sendo atendidos pelo currículo: “Educação Infantil e Séries Iniciais”. Além da problemática drogas e violência, este currículo introdutório aborda principalmente a segurança pessoal como: cuidados em casa, em vias públicas, noções de trânsito, como proceder quando presenciar algum fato negativo, dentre outros.

Uma visão de suas decisões: Para os estudantes do 5º Ano (antiga 4ª série), há o currículo “Uma visão de suas decisões”, considerado o principal currículo do programa. É aplicado durante 11 encontros semanais (11 lições) onde é apresentado além do Modelo de Tomada de Decisão do PROERD que, através de 4 passos (defina, analise, atue e avalie), possibilita ao aluno refletir sobre o processo decisório, fazerem escolhas positivas e resolver problemas. Aborda, também, temas como "conversas em família" (buscando uma maior participação dos pais no processo de aprendizado), o bullying, as consequências do uso das drogas e da prática da violência (física, verbal, etc), a importância de se fazer escolhas certas, como perceber a influência dos meios de comunicação, etc. Todos os encontros possuem aulas expositivas, dialogadas, jogos e, em alguns casos, teatralizadas por eles próprios.

Caindo na Real: Destinado ao público adolescente, estudantes do 7º ano (antiga 6ª Série) do ensino fundamental, o currículo “Caindo na Real” trata-se de uma metodologia totalmente nova, com um material atualizado e com outra roupagem (livros coloridos), tendo como objetivo atrair os jovens para a discussão tema do programa. Divide-se em 10 encontros de uma hora/aula semanal.

PROERD para Pais: Além dos currículos que atendem ao público infantil, o programa também atua com os pais e/ou responsável de crianças e adolescentes. O PROERD para Pais é aplicado à comunidade adulta, durante 5 (cinco) encontros de duas horas de duração e busca, com esta interação, fornecer ferramentas para que os pais saibam como proceder, junto a seus filhos, quando surgir alguma dúvida ou dificuldade relacionada às drogas ou à violência.

Opinião dos instrutores

O sargento João Batista dos Passos de Oliveira possui a formação “Master PROERD”, sendo o policial militar mais antigo no programa, com 15 anos de atuação. Segundo ele: “o programa busca desenvolver a personalidade da criança/adolescente onde ela cresce e se desenvolve com metas voltadas para seu futuro, criando, assim, cidadãos com perspectiva de serem confiantes e seguros no ambiente em que vivem. Para ter sucesso, o programa tem que ter continuidade e integração junto com a família e a comunidade”.

Já para o sargento Moises de Bem Alano: “o programa vai além dos objetivos estipulados pela instituição Polícia Militar, pois alcança o âmbito familiar. O jovem leva os conhecimentos que adquiriu e os repassa a toda sua família.”

Por sua vez, o coordenador do PROERD, capitão Alberto Cardoso Cichella, destaca que: “A questão das drogas e violência está relacionada a fatores biopsicossociais. O Proed considera esses fatores e fortalece a auto-estima das crianças e adolescentes a valorizarem a vida e a se sensibilizarem para valores morais e éticos.”

Reconhecimento dos ex-alunos

Sobre a importância do PROERD em sua vida, podemos apreciar as palavras de alguns alunos do programa na cidade, que disseram “não às drogas e à violência”.

O ex-aluno e atual proprietário de uma reconhecida barbearia no centro do município de Araranguá, Pedro Boeira Espíndola, 19 anos, ressalta a importância que os aprendizados obtidos através do PROERD tiveram em sua vida: “O PROERD teve papel fundamental na minha infância, pois é um momento em que passamos por muitas mudanças na personalidade e nos vemos diante de tomadas de decisões. Acredito que até aqueles alunos que dizem não possuir interesse nas aulas, acabam absorvendo os conselhos passados pelos instrutores. O policial Moisés, que foi meu instrutor, até hoje é um amigo e meu cliente.”

Já em um supermercado de Araranguá, o sargento João Batista dos Passos de Oliveira encontrou 3 ex-alunos que destacaram a importância do programa em suas vidas. Jonas Eberhardt da Rocha, 26 anos, sócio do referido supermercado, declarou: “O PROERD me ensinou que nem sempre quem nos oferece drogas são os inimigos, que às vezes uma pessoa considerada “amiga” pode nos influenciar a tomar decisões erradas. Isso me ajudou muito na hora de tomar decisões em minha vida. Tenho ótimas lembranças das aulas do PROERD e lembro-me do hino até hoje. O policial Oliveira foi um ótimo instrutor e até hoje é seu cliente e amigo. Desejo que o programa continue e que alcance cada vez mais crianças”.

Já a ex-aluna Jenifer Acosta Gomes, 18 anos, funcionária do supermercado, declarou “O PROERD proporcionava momentos muito divertidos na escola e nunca perdi uma aula. O programa me fez perder o medo que tinha dos policiais e me ensinou a vê-los como amigos. Sempre que eu chegava em casa contava o tema da aula aos membros da família. Outra coisa positiva do PROERD é que todas minhas dúvidas relacionadas as drogas foram sanadas durante as aulas, não despertando curiosidades futuras.”

Por fim, o ex-aluno André Munereth, 25 anos, também funcionário do supermercado, declarou a importância do PROERD em sua vida e na vida de sua família: “Tenho ótimas lembranças do PROERD. O policial Oliveira foi uma grande referência na minha infância. Durante as aulas, era disponibilizado aos alunos uma caixa para perguntas, o que tirou muitas dúvidas minhas e dos meus colegas. Quando fiz o PROERD, chegava em casa e mostrava minha apostila para os meus pais, cantava as músicas aprendidas e explicava o conteúdo explicado na sala. Na época, meu pai fumava e devido ao incentivo recebido, decidiu parar de fumar, o que pra mim foi uma grande conquista.”

No que depender da dedicação dos policiais militares instrutores do PROERD, milhares de histórias como a dos ex-alunos Pedro, Jonas, Jenifer e André deverão se repetir, deixando nossas crianças de hoje e adultos de amanhã, bem longe das drogas e da violência.

TEXTO: ASSESSORIA DE IMPRENSAFOTO: DIVULGAÇÃO