Direito da Unesc aborda temática de gênero com professoras renomadas
Criciúma (SC)
“Nós não queremos, enquanto mulheres, ser mais ou ser menos que os homens. Nós queremos não ocupar espaços, mas o reconhecimento dos espaços que nós já ocupamos. A gente já ocupa vários locais. Somos maioria nas universidades e isso não é só estatística de Ensino Superior, mas também em todo o grau de formação escolar. E por qual motivo nós ainda sofremos violência e somos inferiorizadas? Nós em uma Instituição de Ensino Superior, estamos em um lugar de privilégio. Estar em uma Universidade é representativo de que nós conseguimos ter acesso a conhecimento e isso faz a diferença onde atuamos”. A afirmação é da professora doutora da UFSC Grazielly Alessandra Baggenstoss, que falou sobre “Gênero e Feminismos no Ensino Jurídico” na manhã desta quinta-feira (8/3), para professores e acadêmicos do curso de Direito da Unesc, durante a Aula Inaugural.
Grazielly é doutora em Direito, Política e Sociedade (UFSC), mestre em Direito, Estado e Sociedade (UFSC), doutoranda em Psicologia, com ênfase em Desenvolvimento Humano. Professora da UFSC, atuante no curso de Direito, no Programa de Pós-Graduação em Direito e no Programa de Pós-Graduação Profissional em Direito nas disciplinas de Direito e Feminismos, Hermenêutica Jurídica, Prática Jurídica e Metodologias do Ensino Jurídico e da Pesquisa.
O evento segue ainda esta noite com a palestra “Mulheres e Carreiras Jurídicas”, com a professora doutora da Universidade de Brasília e ex-vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko Volkmer de Castilho, às 19h15, no Auditório Ruy Hülse.
Este é o segundo ano que Direito faz a sua Aula Inaugural para marcar o início de um semestre letivo no Dia Internacional da Mulher. Segundo o coordenador do curso, João Carlos de Medeiros Júnior, a escolha parte da necessidade de reflexão sobre temas envolvendo as mulheres. “Quando falamos em discriminação, infelizmente, falamos de intolerância. Se existe com as mulheres, é porque também existe com pessoas com menos condições financeiras, com negros, índios, em função de orientação sexual, da identidade de gênero, devido a religião. Mas cabe pensar o seguinte: estamos no mesmo planeta e somos todos da mesma raça, a humana. Então vale olharmos para dentro de nós e para o outro. Em essência, somos iguais”.
A coordenadora adjunta do curso, Márcia Piazza, lembrou da importância de debater a mulher na carreira jurídica. “A mulher não quer ser mais ou menos. Ela quer representatividade e respeito”.
O vice-reitor da Unesc, Daniel Preve, afirmou que eventos como o de hoje são importantes para a formação acadêmica e cidadã e que todos os profissionais do Direito têm responsabilidade social de colaborar com a transformação de realidades. Segundo ele, falar sobre o tema mulher vem ao encontro de uma realidade vivida. “Hoje, 64% dos estudantes de Direito da Unesc são do sexo feminino. No Brasil, elas correspondem a 56% do total de acadêmicos no curso de graduação de Direito e 52% nas Instituições de Ensino Superior. No entanto, 70% das mulheres brasileiras sofreram ou vão sofrer algum tipo de violência física ou moral. A educação é primordial no sentido de trabalhar a conscientização e mudar paradigmas”.
Representação
Durante a palestra da manhã, representantes da sociedade também deram suas contribuições ao debate. O comandante do 9º Batalhão da Polícia Militar, Evandro Fraga, falou sobre a Rede Catarina de Proteção à Mulher e a Patrulha Maria da Penha, que tem agido para proteger a mulher em casos de violência doméstica. O delegado da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso, Fernando Possamai, apresentou o trabalho da Polícia Civil em casos de violência doméstica. “Dos 5.600 boletins de ocorrência, 80% envolvem violência doméstica. As mulheres têm denunciado, mas poucas dão continuidade”, comentou.
A presidente do Conselho Municipal de Direitos das Mulheres, Maria Estela Costa da Silva, falou sobre o trabalho do conselho, as parcerias com outras entidades e as dificuldades e luta das mulheres negras na sociedade. A presidente da Subcomissão da Mulher Advogada da OAB/Criciúma, Rosana Guimarães Corrêa convidou mulheres e acadêmicos para participarem dos trabalhos e comissões da Ordem.
Os estudantes também tiveram participação no evento. Representados pelo presidente do DCE, Alexandre Bristot, pelo presidente do CA de Direito, Marcos Meller e pela vice, Amanda Costa Milan.
TEXTO/ASSESSORIA DE IMPRENSA
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