• Dia de Todos os Santos e Dia de Finados na tradição cultural

Dia de Todos os Santos e Dia de Finados na tradição cultural

01 Nov, 2021 11:49:21 - Colunistas

Içara (SC)

Em algumas zonas de Portugal, no dia de Todos os Santos, as crianças saem à rua e juntam-se em pequenos bandos para pedir o Pão-por-Deus de porta em porta. As crianças quando pedem o Pão-por-Deus, recitam versos e recebem como oferenda: pão, broas, bolos, romãs e frutos secos, nozes, amêndoas ou castanhas, que colocam dentro dos seus sacos de pano feitos especiais para o pedido de Pão-por-Deus. É também costume em algumas regiões, os padrinhos oferecerem um bolo, o Santoro. Em algumas povoações, chama-se, a este dia, o "Dia dos Bolinhos"; ou "Dia do Bolinho".

Esta tradição já era registada no século XV. Tem origem no ritual pagão do culto dos mortos, com raízes milenares. Em 1756, também se cumpriu, um ano após o terremoto que destruiu Lisboa em 1º de Novembro de 1755, em que morreram milhares de pessoas e em que a população da cidade - na sua maioria pobre - ainda mais pobre ficou.

Como a data do terremoto coincidiu com uma data com significado religioso (1º de Novembro), de forma espontânea, no dia em que se cumpria o primeiro aniversário do terremoto, a população aproveitou a tradição para desencadear, por toda a cidade, um peditório, com a intenção de manter uma tradição que lembrava os seus mortos.

As pessoas percorriam a cidade, batiam às portas e pediam que lhes fosse dada qualquer esmola, mesmo que fosse pão, dado grassar a fome pela cidade. E as pessoas pediam: "Pão por Deus".

Noutras zonas do país, foram surgindo variações na forma e no nome da comemoração.

Nas décadas de 1960 e 1970, a data passou a ser comemorada mais de forma lúdica do que pelas razões que criaram a tradição. Havia regras básicas, que eram escrupulosamente cumpridas:

 Só podiam pedir o "Pão-por-Deus"; crianças até os 10 anos de idade (com idades superiores, as pessoas recusavam-se a dar).

 As crianças só podiam andar na rua a pedir o "Pão-por-Deus"; até ao meio-dia (depois do meio-dia, se alguma criança batesse a uma porta, levava um "raspanete"; do adulto que abrisse a porta).

A partir dos anos 1980, a tradição foi gradualmente desaparecendo e, atualmente, raras são as localidades onde se pratica esta tradição. Em Fátima, por exemplo, esta tradição continua bem viva.

Embora não advoguem a crença no purgatório, há igrejas protestantes que também guardam o Dia de Finados. Com efeito, é o terceiro dentre três dias consecutivos que a cristandade considera como tendo relação especial com os mortos. O dia antes, 1° de novembro, é o Dia de Todos os Santos, em honra às almas dos "santos", que se pensa já terem chegado ao céu. E o dia anterior, 31 de outubro, é chamado Halloween (em inglês) ou Véspera de Todos os Santos, e seu nome em inglês deriva de ser a véspera do "Dia de Todos os Hallows [Santos]".

O Halloween também tem relação com os mortos. No calendário dos antigos celtas, 31 de outubro era a Véspera do Ano-Novo. Os celtas, junto com os sacerdotes e druidas, acreditavam que, na véspera do ano-novo, as almas dos mortos perambulavam pela terra. Sustentava-se que alimentos, bebidas e sacrifícios podiam apaziguar tais almas perambulantes. O halloween também incluía fogueiras para expulsar os maus espíritos.

A respeito das fogueiras nessa época do ano, lemos em "Curiosidades dos Costumes Populares":

“ Usavam-se também fogueiras em diferentes horas e lugares, na Noite de Todos-os- Santos, que é a véspera do Dia de Finados, e no próprio Dia de Finados, o 2 de novembro. Nestes casos, as fogueiras eram consideradas como típicas da imortalidade, e imaginava-se serem eficazes, como sinal exterior e visível, pelo menos, para iluminar as almas [isto é, ajudá-las a libertar-se] do purgatório.

ELZA DE MELLO
Postado por ELZA DE MELLO


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