Coluna de Elza de Mello - 5 de junho/2019

05 Jun, 2019 11:15:27 - Colunistas

Içara Nossa Terra Nossa  Gente Matizes de Açorianidade (17)

Ainda falando em nossos heróis, e com uma pausa por estar a viajar para Portugal, mais precisamente para a ilha das Flores, nos Açores, retorno com nossos heróis anônimos. Mas dessa vez, caro leitor, falarei de heróis do cenário brasileiro, anônimos em outras terras que nos contam sobre nossas origens. Origens esquecidas e também incompreendidas, que atravessaram os mares revoltos no ano de 1745, e numa verdadeira diáspora alcançaram nossas terras içarense pelos anos de 1770. E como aqui ficaram suas moradas e constituíram suas famílias, no berço içarense floresceu um povo novo, entre os indígenas, senhores absolutos das terras do Brasil. E foi para representar Içara que um grupo viajou até Açores, e conviveu com os nossos coir-mãos, por alguns dias. E aos 274 anos da imigração açoriana, fomos recebidos com o mesmo carinho de familiares que retornam a casa depois de alguma ausência. E isso pelo reconheci-mento do trabalho que é feito em nosso município. Embasado na cultura de base açoriana que orientou a vida familiar e sociorreligiosa desse povo laborioso, que nunca deixou de sonhar com a bela ilha, plantada no imenso Oceano Atlântico entre rochas e crateras de vulcões extintos.

Ontem e hoje, chegar  às ilhas ainda é contar com a morosidade do tempo, só o tempo poderá permitir o voo de aviões ou a saída de barcos. Se o tempo permanecer carrancudo, ninguém entra e ninguém sai da ilha onde está. Sei que quando falava, as pessoas nem davam crédito as minhas palavras. Mas foi. Alguns de nossos anseios foram protelados devido aos atrasos de voos, por exemplo, não fomos divulgados na TV local na Ilha Terceira, em companhia de Dr. Paulo Teves, o Diretor do Gabinete de Imigração, devido ao atraso da chegada. Só chegamos na hora do jantar. E que jantar caprichado o nosso cicerone nos preparou! Mesmo com os compromissos na ilha de São Miguel, na festa do Santo Cristo dos Milagres, Teves nos fez companhia no jantar muito agradável que nos ofereceu. Ele acompanha nosso trabalho na ACAI (Associação Cultural Açoriana de Içara).

Trabalho que pessoas locais desconhecem e até se tomaram de ressentimento ao saber do apoio a uma pessoa, pela Administração Municipal, à delegação que lá esteve. As outras  pessoas da ACAI bancaram as despesas para lá estarem. Quem ama o que faz, desconhece limitações para as realizações. O prêmio estava  em poder estar junto ao objeto de desejo – estar com os irmão geminados. E aconteceu. Foi uma vitória para a ACAI. 

Não nos foi mostrado indústrias, fazendas, empresas e redes hoteleiras porque lá não existe. Mas foi apresentado uma administração com os funcionários sem a hierarquia que vivemos aqui. O grupo folclórico de Lajes das Flores é formado por servidores da administração e o Presidente participa na tocata da associação. A Filarmônica é formada por funcionários e alunos e o Presidente também toca um dos instrumentos junto aos integrantes da Filarmônica. Ao Império do Divino Espírito Santo, ele esteve presente, entre os devotos da freguesia. Ninguém é maior que ninguém e ninguém é melhor que ninguém, mas o Presidente é muito respeitado e segundo a população, só deixará de ser o Presidente se ele desistir, caso contrario terá sempre lugar entre eles. (lá pode haver inúmeras reeleições)

Entre os valores que vi em minha cidade geminada. Estava visível a memoria do povo. Havia vários museus organizados e muito bem cuidados. Tais museus preservam a memória do povo que trabalhou com teares, atividades pecuárias, a pesca, o dentista, o farmacêutico, o relojoeiro, o sapateiro; um moinho de farinha de milho(similar a nossa atafona), entre outras atividades do homem trabalhador. E tudo cuidado por funcionários que complementam o trabalho produzindo artesanatos. E para as atividades artísticas e culturais, um centro de eventos maravilhoso como há poucos em nossos Estado. Organização muito inteligente de quem administra um povo e não  cartéis de oportunistas que vivem da exploração do povo.  

Aos nossos coirmãos, nossos heróis anônimos, nosso muito obrigado!!! Vocês são exemplos a ser seguido. Abraços içarenses cheios de afeto.

Até a próxima edição com mais um assunto.


ELZA DE MELLO
Postado por ELZA DE MELLO


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