Coluna de Elza de Mello - 30 de março/2017

30 Mar, 2017 14:14:54 - Colunistas

IÇARA NOSSA TERRA  NOSSA GENTE (209)

Analiso os ganhos e as perdas no processo educacional, sobretudo neste ano em que a escola que trabalho está a completar deus 90 anos de atividades pedagógica. É um motivo maior de festejos e, sobretudo de reflexão saber que esta nonagenária instituição de ensino tem uma história bem longa e de muito tempo pensada e trabalhada por nossos colonizadores de origem açoriana. Para melhor elucidar nossa fala, vamos as suas origens:

Ao Provincial da Companhia de Jesus, no Brasil, Padre Simão Marques, determinou Dom João V, por motivo da colonização açoriana, que escolhesse dois religiosos aptos em instruir e em doutrinar os habitantes das novas colônias. E ao mesmo tempo, que se fizessem aldeias de todos os selvagens que se encontrassem para a catequese. Na época, ele assinou por distrito de sua missão, todo o espaço de terras que media entre os rios São Francisco do Norte, e um lugar a que chamam de Cêrro de São Miguel, isto é, todo o território de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

É notório de que Padre Leonardo Nunes, chamado de Abêré Bêbê, padre voador, foi o primeiro jesuíta a estar entre os índios Carijós, em 1553 e aí já encontrou cristãos (batizados) por frei Bernardo de Armenta e Frei Alonso Lebrón., religiosos franciscanos pertencentes a uma expedição espanhola chefiada por Alonso Cabrera.

Em 1596 já houve a tentativa de catequizar os Carijós de Laguna, chamada Laguna dos Patos, estendendo-se para o sul. E depois fez-se silencio em relação à escolas e catequese.

Em janeiro de 1720, o Ouvidor Rafael Pires Pardinho deu fé de duas aldeias de índios, vivendo à maneira de feras, sem ninguém que lhes ensinasse as coisas de fé e polícia cristã. (Câmara de Laguna).

Em 02/03/1748, foram nomeados os Padres Francisco de Farias e Bento Nogueira como mestres em Desterro. Como soldo os Padres recebiam diariamente uma porção de peixes e a cada sábado, vinte e uma libra de carne, azeite e toda a farinha que precisassem. Além disso, estendia-se também a um escravo e a um índio, que haviam trazido para ajudá-los.

Logo que assumiram a missão evangelizadora e educadora, o Governador pediu-lhes que ajudassem a socorrer as pessoas do segundo transporte de famílias, das ilhas de Açores. Aquela pobre gente chegava muito enferma, atingida de escorbuto. Eram obrigações acrescentadas para o bem da população que acabava de chegar à nova terra.

Enfim, chegaram as famílias açorianas e, no dizer do governador, gente, cujos bons costumes era preciso apoiar contra o mau exemplo dos soldados. (p. 468-470). Percebe-se que não havia assistência sacerdotal em Desterro, e esse foi um dos fins da ida dos Padres ao Desterro. Não há livro tombo nesta época, todo o registro é feito pelos Padres educadores. É verdade que a  Metrópole esquecera-se de criar uma Capitania independente ao Sul do Brasil. Silva Paes, foi, na verdade o realizador. E neste ato, a educação – religiosa ou leiga  sempre foi pensada.

As três vilas existentes na Costa Catarinenses aconteceram sem ato da Coroa, mas, pela audácia e dinamismo de seus fundadores. Assim como em Içara e outros municípios mais antigos, o povo o fez acontecer através de desbravadores e colonizadores. A esses heróis anônimos, o nosso reconhecimento pelo compromisso com a educação de sua gente. Só  pelo registro da escrita, sabemos de fatos tão importantes. 

ELZA DE MELLO
Postado por ELZA DE MELLO


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