Coluna de Elza de Mello - 29 de novembro de 2016

29 Nov, 2016 14:20:29 - Colunistas

IÇARA NOSSA TERRA NOSSA GENTE (206)

Penso e penso... e de repente me dou conta de que estamos a viver um tempo diferente.Tempo que poderia ser explicado com o pensamento de Thomas Fuller: enquanto o poço não seca não damos valor à água. E então, escuta-se, com frequência, a exclamação – que país é esse? Indiferente à consciência de que a construção do cotidiano requer o esforço unificado da nação. Mas parece que um espera pelo outro como se não fosse de sua obrigação. Especialmente a geração coca-cola, aquela que tem o sonho plantado em solo do Tio San e não se sente parte da nação.

Nada de grande no mundo é feito sem paixão, já falava Hegel. Mas a paixão que constrói sonhos e se faz realidades parece que está paralisada. Os sonhos que observamos nas novas gerações, referem-se ao consumismo que a indústria da ilusão instalou na alma do homem contemporâneo. São paixões desenfreadas pelo consumismo. Se nossos jovens sonham com as roupas de marca e os acessórios mais recentes da mídia eletrônica, as crianças sonham com os brinquedos que a mídia mostra e acena como a melhor aquisição ao mundo infantil. E os pais de pronto os adquirem. A criança não brinca, não constrói brinquedos e nem organiza brincadeiras, apenas manipula a sedução midiática. E assim não há mais espaço para o sonho, aquela construção do sonho que iniciava na infância: quando eu crescer quero ser isto ou aquilo, então vou estudar muito, de preferência ser o melhor aluno para merecer o meu sonho. Só quem sonha e luta por seus sonhos tem uma base construída para a realização. Amputaram o sonho infantil...que pena!! Nossos estudantes também são apenas visitas na escola. Odeiam leituras, escrita e o ensino aprendizagem. Devoram as redes sociais.

Lembro-me de nossas tardes em recreio escolar. As meninas cantavam enquanto executavam brincadeiras tão singelas e sadias como, por exemplo, a brincadeira do sino que consistia em ficar de costas uma para a outra de mão entrelaçadas e enquanto cantavam: bão balalão, senhor capitão orelhas de gato, cabeça de cão; iam erguendo uma a outra. Ali estava reunido o exercício físico, razão para a obesidade quase inexistente; o companheirismo por precisar de duas forças juntas e a alegria do canto. A hora do recreio era a hora da alegria no pátio escolar. Não havia essa prática de crianças correndo e esbarrando uma na outra para vê-la cair e, de preferência causar a desordem geral.existia uma amizade sabia e fraterna.

Hoje ninguém fica em paz no recreio escolar. A convivência que já não existe mais nas brincadeiras das crianças da vizinhança, também está a desaparecer do pátio escolar. E se não existir o convívio de infância como fica a convivência de jovens e adultos? Por certo, olhar-se- ão com estranheza ao se encontrar. Daí pode-se explicar a intolerância e a violência. Não há a formação da resiliência para a preservação da amizade e até mesmo dos relacionamentos amorosos, especialmente os casamentos. Vive-se uma selva de pedras e as cirandas estão estáticas, inertes, construídas em pedras. E como costuma falar minha gente aqui da terrinha, pelo andar do carro já sabemos o que vem dentro... segundo Leonardo da Vinci - a sabedoria é filha da experiência e da reflexão.

Bom final de Novembro e beijos no coração minha gente, orgulho de minha terra!!!


TEXTO: ELZA

ELZA DE MELLO
Postado por ELZA DE MELLO


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