Coluna de Elza de Mello - 23 de maio/2017

23 Mai, 2017 10:05:34 - Colunistas

IÇARA NOSSA TERRA NOSSA GENTE (212)

Então o tempo escorre como areia por entre os dedos enquanto lá fora muda o tempo, as estações do ano, os meses e os dias. Quando nos damos conta já estamos quase que a encerrar um mês, que socialmente há tantos fatos marcantes. Festejou-se o  dia do trabalho entre conversas de apoio ao trabalhador e de desespero pelas ultimas informações de reforma da previdência. Em um País de tantas desigualdades sociais e econômicas, como não se preocupar? Como concordar que se rasgue a carta da consolidação das Leis dos trabalhadores, a CLT? Um triste dilema para os trabalhadores brasileiros, especialmente os mais desamparados, os que ganham o salário mínimo e perderão não só  a mínima garantia do mais baixo padrão salarial, como a esperança de uma aposentadoria que lhe subsidie o auxílio doenças, que tão cedo lhe bate a porta devido a precária situação de trabalho.

Em seguida veio o dia das mães, e a necessidade de festejar a mulher  que embala o berço, promove a continuação da Criação Divina, e cria os braços e peitos fortes que são muralhas do Brasil; como decanta nosso hino nacional. E independente de raça, religião e etnia, as mães são louvadas e louváveis em todos os tons e emoções. Nossas mães, nossos primeiros amores que os versos nos inspiram. Eu como mãe me senti acariciada no corpo e na alma ao reunir filhos e netos em um abraço coletivo, envolvendo também a quem me fez mãe. Depois visitamos a memória de nossas mães, que já fizeram sua viagem de retorno à Casa do Pai Eterno. Foi um dia completo de presenças físicas e espirituais para nos lembrarmos de que somos filhos e pais; mas espíritos na  essência.

Domingo fechamos o ciclo das festas com o almoço da Pastoral Afro na Matriz São Donato. Um encontro que marca uma página da história brasileira muito polêmica. Uma história que jamais será apagada já que foi a etnia que chegou ao Brasil agrilhoada pela mácula da escravidão. A escravidão africana veio para substituir a escravidão indígena, que não havia dado muito certo. O indígena lutaria, com certeza, até a sua exterminação, mas não se submeteria de todo a escravidão almejada pela Coroa Portuguesa. Também porque o objetivo das grandes navegações seria a de levar o Evangelho aos gentios, convertendo-os ao Cristianismo. Então os negros da terra não eram de fato os indicados como colonizadores, tinham lá os seus entraves perante poder  religioso  que administrava as novas conquistas das Grandes Navegações. Buscou-se o homem dominado pela guerra no continente africano, e fragilizado pelo desconhecimento da nova cultura americana para ter braços e pés no trabalho forçado, que construiu a base econômica do Brasil, a indústria açucareira do Nordeste, e a  industria Cafeeira do Sudeste. Este foi o primeiro momento da desigualdade social e econômica brasileira.

Mas deixamos as páginas da história para os devidos elogios ao cardápio do almoço de domingo.  Como não podemos alcançar a todos os envolvidos, agradecemos ao casal, Ica e Ma e alcançaremos aos demais. Nossos agradecimentos pela gastronomia simples, caprichada e muito saborosa. A família da Rosa faz acontecer a memória histórica em Içara e isso é muito importante para a posteridade conhecer e valorizar a sua história pessoal, o seu valor social. A alegria de estar com os amigos foi o complemento desse tradicional  almoço de Maio.

Estar em nossa terra e entre nossa gente é tudo de bom. Parabéns à Pastoral por incentivar a cultivar valores tão pertinentes ao desenvolvimento sociorreligioso dos afro-descendentes.

ELZA DE MELLO
Postado por ELZA DE MELLO


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