Coluna de Elza de Mello - 22 de março/2017

22 Mar, 2017 10:09:45 - Colunistas

IÇARA NOSSA TERRA NOSSA GENTE (207)

Estamos vivendo a estação do outono. E o outono é uma estação, para mim, muito acolhedora. Saindo do verão, especialmente este verão passado, de temperaturas altas e seca, o outono é um abraço carinhoso. É como se fosse um cafuné com mãos de pelúcia. Louvada seja o outono! 

Ficará em nossa memória histórica, o mês de março como a data da primeira geminação de uma cidade internacional, com a cidade de Içara. Embora tenhamos muito a agradecer a administração atual, pois outras poderiam ter feito acontecer e não o fez, sabemos que para que ocorra a geminação é preciso um trabalho anterior. É necessário colocar a cidade em um patamar de divulgação cultural. E esse patamar se faz de trabalho, de participação, de doação, especialmente a doação espontânea. Na associação Cultural Açoriana , nos dedicamos a todas as manifestações latentes em Içara, divulgando-as em uma coluna semanal do Jornal Içarense, Colóquio  NEA (p. 254). Cortesia de seu proprietário para com a cultura.

Em minha vida tenho observado muitas coisas, especialmente injustiças. E para separar o joio do trigo, e não incorrer em injustiças, observo muito o terreno onde piso. Sei quando fui pedra de construção para essa geminação, e também quando fui pedra de tropeço. Se sofri ou se chorei, como canta Roberto Carlos, o importante é que fiquei à beira do caminho e não insisti em ser a pedra para as topadas de pessoas alheias ao problema. Cada administração coloca seus colaboradores. São as pessoas consideradas competentes e confiáveis pelo gestor municipal. E esse trabalho vai sendo feito com a ajuda do povo, é lógico. Ou deveria ser assim.

Entretanto há pessoas destinadas a esse trabalho cultural, que deveriam ser líderes e fazer acontecer às manifestações culturais, no seio da sociedade. Mas invertem o seu papel. Eles próprios se tornam donos de projetos e angariam para si o recurso que deveria ser compartilhado com o povo. Buscam evidência na cultura massificada, e tomam o recurso que seria para garantir vida às associações, e grupos organizados nas comunidades. Sem recursos, esses grupos vão desaparecendo, até porque são convidados a se retirar por ser manifestações taxadas de antigas, de ultrapassada, de coisa depreciativa que empobrece a visibilidade do município. É lamentável, mas acontece. Aqui ou ali, quem tem olhos vai a Roma; é fato.

Mas há grupos, e associações costuradas com  conhecimentos, com trabalhos de base. Retraem-se de onde não são bem vistos, mas sobrevivem entre outros grupos de sua constituição. Vão beber água na fonte viva. E lá está entre os seus semelhantes, a sua estrutura de sobrevivência. Sempre haverá o apoio para as boas ações. Falo de cadeira com a experiência que construímos ao longo de nossas vida e de nosso trabalho.

Bem, ontem recebi  a obra Colóquio NEA, 30 anos de história. É uma obra escrita a muitas mãos do ser e fazer de base açoriana,  e organizada por Joi Cltison Alves, o Coordenados do Núcleo de Estudos Açorianos em Santa Catarina. E lá na página 253 está Içara, no título – O reacender da chama açoriana em um município Multiétnico. É uma obra escrita em cooperação e coedição com Portugal- Açores. Se lá está a minha autoria, está Içara apresentada em sua grandeza de vida, referindo-se a sua terra e a sua gente. 

Embora o trabalho da Associação Cultural Açoriana não seja, muitas vezes, bem-vinda aos detentores de poder na área cultural, ela viceja entre os seus iguais, os que fazem acontecer a cultura popular e suas manifestações artísticas que o povão prestigia. O mesmo povão que elege gestores e legisladores em nosso município.

ELZA DE MELLO

ELZA DE MELLO
Postado por ELZA DE MELLO


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