Coluna de Elza de Mello - 20 de agosto/2019

Içara Nossa Terra Nossa Gente Matizes de Açorianidade (23)

No último domingo, dia 18 de agosto, foi realizada a Festa em Honra a Santa Rosa de Lima, padroeira e protetora da localidade de Sanga Funda, em Içara (SC). E porque Santa Rosa de Lima é a padroeira da América Latina, comemoramos a Santa que fez parte do processo de imigração no Novo Mundo. Uma curiosidade que sempre tive ao tomar conhecimento de que os pais dela eram de origem espanhola.

Sempre afirmei que Içara (SC) não escreve a história sem falar na Família Réus. Agora digo também que o município não conta a história corretamente se não fizer referências à localidade de Sanga Funda. Pois foi essa comunidade que mais cedo formou-se, à partir de Urussanga Velha. Quando a Família Réus comprou o ultimo pregão de sesmaria, procuraram embrenhar-se na floresta e a localidade atual de Sanga Funda foi a clareira aberta para a construção de casas, engenhos e outras dependências tão importantes em uma morada da época. Parentes e escravos se fixaram nos arredores e passaram a trabalhar como agregados. Um núcleo que se tornou auto suficiente e expandiu-se mais ainda com os casamentos entre os descendentes. Só não deixaram capela e cemitério no lugar, visto que marcavam presença na Igreja de São Sebastião de Urussanga Velha e depois em Vila Nova, na igreja de São Miguel Arcanjo. As orações do dia do Senhor eram os terços na sala de casa da Sra Zélia e do Sr. Joaquim Réus. Alí todos rezavam o terço dominical antes de sair para passeios ou mesmo para as lidas da labuta.  Foi uma longa caminhada de várias gerações. 

Hoje a comunidade tem o altar consagrado a Santa Rosa de Lima como doação de Pedro Guglielmi. Como sempre afirmou, Guglielmi teve um milagre atribuído à Santa Rosa de Lima e prometeu erigir uma altar onde fosse honrada a devoção. E como gostava da comunidade de Sanga Funda por haver tido parentes da esposa como moradores, ele doou a imagem, e trabalhou do começo ao fim na construção da capela que guarda o orago à Santa Rosa de Lima. Inclusive participou das primeiras festas. E todos os anos, a Família Guglielmi se fazia presente, prestigiando ao benfeitor da capela Santa Rosa de Lima  e também a comunidade. Eram festas alegres e com a presença maciça das famílias do lugar, inclusive de quem já morava fora, mas vinha para o grande evento da comunidade. 

Há muito amor em cada pedra sentada daquela construção, em cada objeto sacro adquirido para uso e celebrações, em cada festa que se organizou e em todas as solenidades ali realizadas. Muitas mãos se juntaram para construir um bem sociorreligioso  marcante na comunidade. Há uma memória histórica que ficará registrada no ser e no fazer da comunidade e, para sempre a memória do Sr. Pedro Guglielmi deverá se fazer presente para sermos justos com aquele que nos proporcionou as primeiras referências religiosas. Não há bem maior que o desejo de estarmos em Deus, e em Cristo nos fazermos irmãos.

A festa foi um ato de confraternização entre irmãos e irmãs, sem nenhuma exclusão. Através da comunhão participamos como irmãos e guiados pelo padre Lucas Fernandes Bombazar e pelo Bispo Dom Jacinto Inácio Flak, partilhamos a alegria de sermos comunidade e vivermos a fraternidade cristã na comunidade de Sanga Funda.

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Postado por ELZA DE MELLO