Coluna de Elza de Mello - 19 de setembro/2017

19 Set, 2017 16:26:40 - Colunistas

Içara nossa terra nossa gente

Eu sou a professora das séries iniciais do Ensino Fundamental e tive como minha primeira formação, o Ensino Primário Elementar em cinco Anos letivos. Iniciei em Mineração, hoje Bairro Aurora, no Grupo Escolar Maria da Glória Silva no ano de 1966, continuei, com meus irmãos, os três últimos anos na Escola Reunida Paulo Rizzieri, pois havíamos mudado para Sanga Funda e lá só havia aula até a terceira série. Então a professora aconselhou ao meu pai, matricular-nos em Boa Vista. Para entrar no Curso Ginasial, que era a continuação do Curso Primário, fiz o Exame de Admissão, requisito obrigatório para continuar estudando. Quem reprovasse no Exame de Admissão ficava fora da escola. Então continuei estudando no Grupo Escolar Antônio João e lá concluí minha primeira habilitação para o Magistério, o Ginásio Normal. Era muito rica a formação das professoras ginasialistas. Continuei a estudar  em Criciúma e fiz o Curso Normal, tornei-me uma professora Normalista em 1972.

O Curso Normal foi de uma preparação intensa e saí do curso a professora que sou. Foi lá que o mundo da educação abriu-se ao meu entendimento, mesmo em plena repressão militar.  Em 1973 mudamos de Içara para Ausentes, e meu pai requereu uma escola para as crianças  (meus irmãos) continuar estudando. Fiquei trabalhando a convite do Prefeito. Eu havia feito inscrição para o concurso na rede estadual de educação e abandonei para entrar no projeto de meu pai. Foi muito bom participar da criação da Escola Municipal Alfredo Gonçalo de Lagos. Minha escola era o meu mundo. Em 1975 fiz concurso para a rede municipal de ensino e trabalhei até a minha aposentadoria em 1998. Foram 25 anos trabalhando na rede municipal, em classes multisseriadas como professor único. Já tinha alguns anos de trabalho quando fiz a graduação em Pedagogia, ministrado pela FURB, Fundação Universitária da Região de Blumenau, em parceria com a UNESC (UNESC não era ainda universidade e não poderia ministrar nosso curso). Na Sequência fiz pós-graduação em Metodologia e Didática do Ensino Superior, em São Paulo; Mestrado em Ciências da Linguagem , na UNISUL, Tubarão.

Hoje trabalho como Assistente técnico-pedagógico na EE.B. Antônio Guglielmi Sobrinho. Uma realidade totalmente diferente daquela que vivi como estudante e como professora. Há recursos técnico e pedagógico que jamais sonhei que fosse existir em uma escola pública, entretanto as aulas que continuam como as conheci em minha formação - expositiva. O aluno precisa decorar tudo para responder ao que o professor quer saber. Os professores recebem alunos sem desejo de aprender e os alunos recebem professores desmotivados em todos os sentidos. Se não há o desejo dos alunos na busca da aprendizagem, não há o prazer dos professores em ensinar. E isso ocasiona o fracasso escolar. Então, culpa-se o sistema e a família por todo o fracasso. E isso não resolve em nada a crise na educação. Vejo a escola regular se esvaziar e os cursinhos crescerem para suprir (se fosse possível)  a carência do processo de educação. É angustiante para quem ama a Educação Formal.

Hoje sou ATP – Assistente técnico Pedagógico e recebi felicitações esta manhã, dia 19/09, por ser o dia do ATP. Mas minha eterna saudade é a sala de aula do Ensino Fundamental. Especialmente da primeira série que no segundo semestre estava concluindo sua alfabetização. Parabéns colegas ATPs, este dia especial deu-me inspiração para reflexões, embora tenha tido muitos sonhos em todos os dias de minha vida profissional. MAS É O NOSSO DIA, ENTÃO.....PARABÉNS PARA NÓS!!

TEXTO/ ELZA DE MELLO

ELZA DE MELLO
Postado por ELZA DE MELLO


Cooperaliança
EXPRESSO COLETIVO ICARENSE