Coluna de Elza de Mello - 18 de abril/2017

18 Abr, 2017 10:37:32 - Colunistas

IÇARA NOSSA TERRA NOSSA GENTE (211)

José Bento Monteiro Lobato, referência da literatura infantil brasileira, nasceu em Taubaté, Estado de São Paulo, em 1882. Com grande diversidade e talento, é considerado gênio e pioneiro da literatura infanto-juvenil. Formou-se em advocacia por imposição do avô, o Visconde de Tremembé, porém, sua vocação era mesmo as artes como: pintura, fotografia e o mundo das letras.  Urupês (1918) é considerado uma de suas melhores obras. Mas foi Jeca Tatu, personalizando o caboclo brasileiro,  sem papas na língua, feio,molenga, inerte que mais o destacou entre as pessoas de todas as classes sociais. Estas publicações tiveram como propósito, apesar de serem contos infantis, ser um instrumento de luta contra o atraso cultural e a miséria do Brasil.

 Tornou-se editor da empresa, Companhia Gráfico-Editora Monteiro Lobato, lançando as bases da indústria editorial no Brasil e dominou o mercado livreiro, mesmo sem apoio governamental. Aliado à crise energética, a editora veio à falência. Monteiro Lobato mudou-se para o Rio de Janeiro e prosseguiu em sua carreira de escritor, criando o Sítio do Pica Pau Amarelo, que o celebrizou.

 Em 1920, Monteiro Lobato lançou  A Narizinho Arrebitado, leitura adotada nas escolas. Trouxe para a infância um rico universo de folclore, cultura popular e muita fantasia. Publicou Reinações de Narizinho (1931), Caçadas de Pedrinho (1933) e O Pica-pau Amarelo (1939). Os Trabalhos de Hércules concluíram uma saga de 39 histórias e quase um milhão de exemplares vendidos. Suas obras foram traduzidas para diversos idiomas, como francês, italiano, inglês, alemão, espanhol, japonês e árabe. Em 1926, Monteiro Lobato concorreu a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, e não foi escolhido. Comenta-se, recentemente  sobre preconceito racial quando seu livro, O Presidente Negro (1926), descreve um conflito racial, após a eleição de um negro para a presidência dos EUA e, também a personagem negra, Tia Nastácia, comparada a uma macaca ao subir em uma árvore.

Em 1927, residiu por 4 anos nos Estados Unidos em missão diplomática, como adido comercial. Lá  pode constatar a lentidão do desenvolvimento brasileiro, mediante o gigantesco progresso americano. De regresso ao Brasil inaugurou várias empresas de ferro e petróleo em perfuração, no intuito de desenvolver o país, economicamente. Escreveu dois livros Ferro (1931) e O Escândalo do Petróleo (1936), neste documenta os enfrentamentos na busca de uma indústria petrolífera independente. Por contrariar interesses de multinacionais, foi preso em 1941, no Presídio Tiradentes, onde ficou por 6 meses. Saiu da prisão, mas continuou perseguido pela ditadura do Estado Novo.Lobato ainda foi perseguido pela Igreja Católica quando o padre Sales Brasil denunciou o livro História do Mundo Para as Crianças, como sendo o comunismo para crianças. Em 1947 escreveu a história de Zé Brasil, panfleto que percorreu o país de norte a sul, acusando o presidente Dutra de implantar no Brasil uma nova ditadura: o Estado Novíssimo.

Monteiro Lobato   morreu pobre, doente e desgostoso, aos 66 anos de idade, no dia 4 de julho de 1948. Mas foi um personagem brasileiro tão ilustre e importante, que o cortejo de seu velório foi acompanhado por 10 mil pessoas, entoando o Hino Nacional.

O dia 18 de abril, dia de seu nascimento, foi escolhido para o dia do Livro infantil, onde a literatura voltada aos pequenos foi o seu tema preferido. O homem que encantou nossa infância brasileira, e foi perseguido duramente por sua consciência nacionalista teve a data festejada entre os içarenses através das escritoras içarenses que expuseram algumas de suas obras infantis na Praça Maria Adélia Rizzieri, no centro de Içara. 

ELZA DE MELLO
Postado por ELZA DE MELLO


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