Coluna de Elza de Mello - 13 de dezembro de 2016

13 Dez, 2016 17:35:34 - Colunistas

IÇARA NOSSA TERRA NOSSA GENTE (124)

Domingo, dia do Senhor, iniciei meu dia com a missa em minha comunidade, na capela Santa Risa de Lima. E como em outras missas, fiquei atenta à Palavra que nosso Pároco refletiu com muita propriedade, como sempre, fico encantada com a sua homilia. Sobretudo quando a Palavra nos fala de Esperança, em um tempo de tanta contradição, mas que é o sentido maior do Natal. Quando Cristo nasceu vivia-se esperando a Boa Nova. 

A tarde nos reunimos para uma sessão saudades. Nos reunimos porque falo de uma reunião de primas para um café da tarde e uma prosa sem conteúdo seletivo. Simplesmente conversa. Como se fala, conversa jogada fora. E no sítio do Onésio, lugar escolhido com antecedência deu-se o encontro. Já que estamos ficando sem mães e pais, restando somente a tia Laura que nos deu o prazer de sua companhia, ela que entrou na família pelo matrimônio com o tio Donaciano e formou uma linda e amorosa família e a tia Mariquinha que também através do casamento nos legou uma família linda e divertida que se assina como Esteves. Nós outras, órfãs de pai e de mãe dispensamos apresentação. Até porque fomos cicerones. Mesmo a Onésia que nasceu um pouco distante do sítio, hoje reside ali e estamos em casa. 

Creio que foi a primeira vez que deixamos nossos maridos em casa para estarmos em um grupo de mulheres. Cada uma levou uma pratinho para a merenda e a tarde voou entre boas risadas. As lembranças de infância foram trazidas à tona, especialmente as sadia e inocentes brincadeiras.havia toda uma construção e sonhos que pareciam durar uma eternidade. Mas faziamos juz a espera e a realização dos sonhos. A obediência aos nossos pais e o carinho extensivo aos demais familiares. Vivemos realmente um tempo de fraternidade. Não era necessário nascer do mesmo pai e da mesma mãe para amar e protejer nossos primos-irmãos. E se recebemos tanta amor, ainda somos capazes de partilhar amor. Aprendemos a semear, a cuidar esperando a colheita. 

Hoje as novas gerações querem tudo pronto. Não se dão ao trabalho de cultivar. De sonhar sonhos possíveis. De estudar com afinco para obter um bom currículo e fazer uma formação capaz de lhes promover em sua vida profissional. Parece que a escola é que precisa dele e não ele que precisa desta escolarização para o seu futuro profissional. É...pensando bem parece que tinhamos bem mais garra e bem menos recursos. Mas o que nos faltava em recursos obtínhamos em perseverança. E olha que éramos meninas atentas as lidas de casa. Se os dias fossem pequenos para o trabalho e as aulas, a noite se fazia o ideal para estudar e cuidar com carinho de nossos cadernos. Caderninhos simples, quase sempre ganhado do sindicato ou da caixa escolar, mas muito bem escrito, traçado e até com delicados desenhos.

Ali estávamos nós de todas as idades e irmanadas no mesmo objetivo, não deixar que nossos filhos se tornem desconhecidos. Queremos cultivar a amizade de ontem e conservar nosso compromisso para novas gerações. Nos despedimos ao cair da tarde, indiferente do horário, somente com a certeza de que iremos repetir muitas vezes e também consciente de que quem não esteve presente vai fazer o possível para estar no próximo encontro.Sabemos que é fácil construir uma casa, difícil mesmo é construir um lar e legar para a posteridade um lar que se faça reflexo para outras gerações. E isto tivemos exemplo com nossos pais que já herdaram de seus pais. Afinal o que deixamos da vida é a certeza de que valeu a pena ter vivido a missão que nos é determinada nesta vida. Valeu Primas!!!Ontem e hoje fomos mais fortes pela presença de nossa gente e pela beleza de nossa terra.


TEXTO: ELZA

ELZA DE MELLO
Postado por ELZA DE MELLO


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