• Coluna de Elza de Mello - 12 de fevereiro/2019

Coluna de Elza de Mello - 12 de fevereiro/2019

12 Fev, 2019 09:00:52 - Colunistas

IÇARA NOSSA TERRA NOSSA GENTE –  MATIZES AÇORIANO (4)

Entrou uma nova semana e não poderia deixar passar em branco a semana de 06 a 11 de fevereiro de 2016, quando recebemos a visita da delegação de nossa cidade geminada, Lajes das Flores. Hoje, transcorrendo o seu terceiro aniversário de geminação, venho  reascender as lembranças da semana que nos trouxe uma imensa alegria. Foi um fato novo para um velho sonho. E como os velhos sonhos fazem parte de um tempo passado, a visita da delegação de florentinos à Içara foi um prazer muito grande a nós, os descendentes de imigrantes açorianos em terras içarenses.

Reconheço que exerci o papel de arauto na proclamação da presença açoriana em Içara. Sempre estive a divulgar uma versão até então desconhecida para a maioria da população içarense, mesmo aos descendentes açorianos que denominados içarenses não tinham ideia de suas raízes étnicas. Muitos tinham vergonha de dizer-se descendentes de açorianos, pois julgavam ser inexiste esta etnia. Outros ansiavam por um sobrenome pujante e no sul de Santa Catarina o que fazia sentido era ostentar um sobrenome italiano. Nós, os descendentes legítimos de içara éramos tidos como os nacionais, os negros da terra. Outros nos olhavam como analfabetos pelo nosso linguajar de base luso-açoriana. Outros ainda tinham um preconceito enorme contra nossa base familiar por sermos generosos e fraternos. Éramos considerados panacas e vadios por favorecer aos novos habitantes a aquisição de terrenos para a lavoura. Dava-se boa acolhida aos que chegavam para conviver com as comunidades já povoadas e colonizadas. Não havia entre os colonizadores açorianos, o apego às terras e a ganância do dinheiro.

 O fato é que  algumas etnias que chegaram ao Brasil, queriam fazer capital e voltar à Itália para reaver suas terras desapropriadas pelo capitalismo, que trouxe a revolução industrial ao seu saudoso torrão natal. Já os açorianos vieram para terras portuguesas, então estavam em casa já que sua bandeira também era portuguesa. O sonho de permanecer no Brasil era a possibilidade de ter terras para o cultivo, já que as suas terras açorianas haviam se transformado em uma extensa laje de lavas vulcânicas, impróprias para o cultivo. Porém, na extensão das grandes glebas das sesmarias, ter vizinhos era mais que importante. Então a generosidade fazia com que oferecessem parte de seus terrenos já agricultáveis. Além de outras amabilidades que muitas vezes foram retribuídas com muita ingratidão. Só o tempo foi capaz de aperfeiçoar o sonho entre o ter e o ser. E hoje o povo içarense é generoso por excelência e dono de um potencial de fraternidade admirável. Parabéns pelo o terceiro aniversario de geminação. Parabéns Içara e seus filhos de todas as origens étnicas.  

MASO NYETTO
Postado por MASO NYETTO


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