Coluna de Elza de Mello - 06 de setembro/2018
IÇARA NOSSA TERRA NOSSA GENTE (309)
Depois de muitos dias de chuva e
de um friozinho chato com o inverno prolongado, pudemos ver o sol. E com o sol
veio uma alegria incontida. Uma vontade de andar, de conversar, de olhar as
flores, de falar de amor e, sobretudo de civismo. Estamos vivendo a semana da Pátria e a escola, embora os
últimos acontecimentos sejam meio desmotivador, hasteia a Bandeira ao som do
Hino Nacional Brasileiro. Nossos alunos são chamados a participar do ato cívico
todas as manhãs e, automaticamente vários 7de Setembro me vem à lembrança. São
fatos muito marcados, pois o som dos tambores faz minha reminiscência bem desperta.
O simples fato dos alunos estarem em posição de sentido enquanto a Bandeira é
elevada no mastro, marcam épocas de minha vida em uma linha do tempo.
Aos seis anos de idade entrei na
escola, em Mineração de Içara e, com esta idade, participei do primeiro desfile
de sete de setembro. Vários pelotões foram formados, mas o pelotão da saúde,
com meninos e meninas vestindo uniformes de enfermeiros era muito lindo. Na
época os enfermeiros não usavam os jalecos de hoje, eram uns aventais brancos
muito elaborados por sobre o uniforme. Pés calçados de branco e luvas brancas
nas mãos davam um ar de pureza aos enfermeiros; e a maletinha dos primeiros
socorros nas mãos de um dos alunos era a mesma que ficava guardada na escola,
para ser usada em caso de necessidades. Naquela época levávamos antitérmicos e
analgésicos para fazermos uso na escola e também materiais para curativos. Mas
o marcante da época era mesmo o toque de tambores quando ensaiávamos nossos
passos de marcha para o desfile pelas ruas. Também foi assim em Boa Vista,
quando o tambor usado era o dos ternos de Reis, e fazia uma boa fita no desfile
da escola até a casa de seu Pretestato Cabreira. Depois havia a recitação de
poemas com muita entonação. As falas e a
gesticulação eram ensaiadas com cuidado por nossas professoras.
Veio tempo do Ginásio Normal, na cidade de Içara,
e os desfiles ficaram maiores. As autoridades municipais esperavam pela
passagem do desfile e havia os discursos conduzidos a data cívica e aos
estudantes que estavam a galgar um lugar de destaque na sociedade. Era muito
motivador!!
Hoje o ato cívico não é tratado
pelos educadores como uma coisa importante para a nação brasileira. O desfile
passou a ser encarado com banalidade e para muitas pessoas, um ato de burrice
por quem se propõe a desfilar. Também não há o desfile pelo valor patriótico,
mas como forma das secretarias estarem
presentes e elevadas a posição de serem observadas em seu papel de destaque. E
se perguntarem o que aconteceu nesta data, nossos alunos dificilmente sabem.
Dificilmente atribuirão a data para a Independência do Brasil.
Será que alguém tem dúvida de que
o Brasil se separou de Portugal?
Olha....sei não. A Proclamação da
República veio para melhorar o Governo Imperial. E a semana da Pátria mostrou o
acervo do Museu Imperial sendo consumido pelas chamas. Um acervo que ganhamos
como presente de um brasileiro de sangue real e de amor pela sua Pátria, e por
tão pouco foi devastado no sinistro que consumiu anos de história e de amor à
Pátria. E eu me pergunto: o que deixaremos às novas gerações?!