As conquistas de uma década na opinião de Antonio Gavazzoni

Florianópolis (SC)

Embora com apenas 1% do território nacional, Santa Catarina volta a ser destaque nacional, desta vez em estudo elaborado pela Consultoria Macroplan, que analisou o desempenho dos 27 estados brasileiros entre 2004-2017. O levantamento coloca o Estado em primeiro lugar em 10 de 28 indicadores sociais e econômicos. Estamos em segundo no índice geral, atrás apenas da potência São Paulo.

O fato de Santa Catarina se destacar em primeiro lugar em vários itens ao longo da década chamou a atenção da Revista Brasil+, do Movimento Brasil Competitivo, que me procurou para repercutir a colocação. A mim o resultado não surpreende.

Entre os destaques catarinenses está a maior expectativa de vida e a menor mortalidade infantil. A taxa de homicídios também é a menor do país na década: 12,7, muito abaixo dos 29,1 por 100 mil habitantes, que é a taxa do Brasil. SC tem ainda o maior IDEB no ensino fundamental II e o menor percentual de jovens entre 15 e 29 anos que não trabalham, nem estudam nem procuram emprego. Índices que refletem o cuidado na educação em diferentes fases. 

Os resultados positivos na Saúde, na Educação e na Segurança convergem para a menor taxa de desemprego do Brasil na década analisada: apenas 3% da população com mais de 15 anos estava desocupada. O ciclo virtuoso nos leva ao menor percentual de pobres e à menor desigualdade de renda. 

Apesar desse verdadeiro oásis retratado pelos números, não podemos nos inebriar pelo que temos de bom, até porque há sempre muito a melhorar. O próprio levantamento nos mostra quais são os desafios que temos de enfrentar. A qualidade da energia elétrica (horas de interrupção) é um dos exemplos. Houve sensível melhora, uma vez que subimos oito posições em dez anos. Ainda assim, é preciso evoluir nesse indicador, considerando que ficamos em 13º lugar no quesito.

A taxa de óbitos por acidente de trânsito também caiu na década: passou de 31,5 para 27,6. Mesmo assim, são muitas mortes. E nossa pior colocação no ranking – 19º lugar entre os Estados – é atribuída ao congestionamento de processos da Justiça em 1º Grau. O número tem relação com o excesso de ações para julgar e merece um olhar cuidadoso.

Entre muitos méritos e obstáculos pontuais, temos motivos não só para comemorar, mas estímulo para continuar. Embora não explícita em rankings, a sintonia entre o setor público e a iniciativa privada, que traz segurança jurídica para quem quer empreender, é um diferencial catarinense. Que saibamos continuar nesse rumo em busca não somente de sermos melhores em relação a outros estados. Mas sim, em relação a nós mesmos.

Antonio Gavazzoni, secretário de Estado da Fazenda e doutor em Direito Público
contatogavazzoni@gmail.com

TEXTO: ANTONIO GAVAZZONI