Artigo de Gavazzoni "Cooperação x Desenvolvimento"
Florianópolis (SC)
Cresci tendo grande simpatia pelo
cooperativismo. O desenvolvimento do meu Oeste deve muito a esse modelo de
negócio que se espalhou pelo território catarinense na década de 1960 e
transformou o Estado em referência em cooperativismo no País. Santa Catarina
tem cerca de 260 cooperativas que juntas empregam mais de 56 mil trabalhadores.
A máxima "a união faz a
força" resume o espírito do cooperativismo. Com estratégias conjuntas,
pequenos produtores ganham status de grandes negócios, o suficiente para conseguir
competir de igual para igual no mercado globalizado. É um jeito de fazer
negócios que faz frente ao velho capitalismo selvagem, restrito ao
"salve-se quem puder" ou "cada um por si, Deus por todos".
São negócios consolidados que, segundo dados do IBGE, respondem por 48% de tudo
o que é produzido no Brasil.
Não é à toa que o cooperativismo é
apontado como um dos fatores da força econômica do Estado. Tanto que, no final
de 2016, a revista inglesa The Economist citou a cultura cooperativista como um
elemento de diferenciação da região Sul em relação ao restante do Brasil. A
matéria aponta que o modelo, no qual um grupo de pessoas se une em torno dos
mesmos propósitos e interesses, é uma das razões do Sul ter os menores índices
de desigualdade do País.
O Estado de Santa Catarina sempre
esteve ao lado das cooperativas. Principalmente por meio do apoio de
profissionais da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri),
antiga Acaresc, e da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola (Cidasc).
Um batalhão de extensionistas ajudou a disseminar a cultura do cooperativismo
que, no início era vista com bastante desconfiança pelos produtores rurais -
algo compreensível, considerando que havia pouca informação sobre o assunto.
Os princípios do cooperativismo
falam por si acerca das qualidades do modelo: a adesão é voluntária, os
cooperados têm participação ativa na gestão e recebem capacitação para
prosperar ao máximo em suas atividades. Mas gostaria de destacar o que eu
considero a maior virtude do cooperativismo: o foco na comunidade. O ponto de
partida do modelo é a ajuda mútua. O reflexo é a melhoria das condições
socioeconômicas dos cooperados e, logo, da comunidade como um todo.
Todo esse movimento gera a empatia
necessária para que as pessoas de uma comunidade caminhem juntas na mesma
direção. Em outras palavras, contribui para que haja menos divergências entre
os interesses econômicos e os sociais. Por isso, o cooperativismo pode ser o
caminho mais curto para o tão almejado desenvolvimento sustentável.