• Aeroportos querem cobrar a mais de museus por obras armazenadas

Aeroportos querem cobrar a mais de museus por obras armazenadas

19 Set, 2018 16:49:30 - Geral

São Paulo (SC) 

Museus paulistas têm enfrentado dificuldades para pagar a taxa especial para armazenagem de obras de arte em aeroportos. Isso ocorre porque as empresas concessionárias que administram o Aeroporto de Viracopos, em Campinas, e o Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, mudaram o entendimento sobre a tarifa a ser cobrada. Até março deste ano, a taxa correspondia ao peso do volume transportado. As concessionárias, por sua vez, têm pretendido cobrar tarifa proporcional ao valor das obras de arte. A diferença chega a ser milionária, de acordo os museus.

Um dos casos mais recentes, o da mostra Mulheres Radicais: Arte Latino-Americana, da Pinacoteca de São Paulo, foi parar na Justiça. Uma liminar do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), concedida no dia 5 de setembro, reconsiderou decisão anterior e determinou que a Associação Pinacoteca Arte e Cultura continue a pagar a tarifa especial, de acordo com o peso da obra.

O Contrato de Concessão nº 2 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de 2012, prevê na Tabela 9 a cobrança de armazenagem por quilo para cargas em regime especial de admissão temporária destinada a eventos comprovadamente científicos, esportivos, filantrópicos ou cívico-culturais.

Na decisão, o desembargador federal Johonsom Di Salvo destacou que o valor das obras de arte pode alcançar centenas de milhões de dólares. Lembrou ainda que algumas dessas obras vêm ao Brasil por meio de empréstimo ou cessão. “Essa alteração acabaria por inviabilizar eventos de arte, prejudicando a difusão da cultura e do conhecimento, esse sim, um evento cívico-patriótico”.


O tema também tem sido foco de discussões no Ministério da Cultura e no Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil. Um grupo de trabalho foi criado para estudar a metodologia de cobrança das tarifas aeroportuárias de armazenagem sobre cargas destinadas a eventos culturais. O relatório final da análise, apresentado no dia 12, destacou que “a cobrança de taxas de armazenagem dessas cargas com base no peso é um entendimento consolidado há mais de 35 anos”. A questão ainda será analisada no Ministério dos Transportes.

O ministro da Cultura, Sá Leitão, compareceu ao ato de entrega das conclusões do grupo de trabalho acompanhado de representantes do setor cultural, dentre eles, o diretor financeiro e de operações do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), Fábio Frayha.

A primeira exposição a ter a cobrança da taxa pelo valor das obras no Masp foi a Acervo em Transformação: Tate, inaugurada em maio. O mesmo ocorreu com Histórias Afro-Atlânticas, aberta em junho, e Melvin Edwards: Fragmentos Linchados, iniciada em agosto. De acordo com o museu, no caso da exposição Histórias Afro-Atlânticas, as tarifas aeroportuárias chegam a R$ 4,5 milhões, se fossem cobradas pelo valor das obras.

O Masp tem entrado com mandados de segurança para garantir que as taxas sejam cobradas pela tarifa especial. “O museu conseguiu pagar a taxa a partir do peso das obras: R$ 877 (Tabela 9) para armazenagem de um dia”, informou por meio de nota.

O museu também destacou que está em constante negociação com instituições internacionais e que os calendários são pensados com, no mínimo, três anos de antecedência. “Nenhuma grande mostra se dá sem a vinda de trabalhos importantes de fora do Brasil e, portanto, todas as agendas futuras estão em risco”, acrescentou o Masp por meio da assessoria de imprensa.

TEXTO/TALIA CALVACANTE/AGÊNCIA BRASIL 
FOTO/DIVULGAÇÃO 

REDAÇÃO JINEWS
Postado por REDAÇÃO JINEWS

Tudo o que acontece em Içara, Balneário Rincão e na região você encontra primeiro aqui!

Cooperaliança
EXPRESSO COLETIVO ICARENSE